No coração da Terra Santa, uma peregrinação simbólica organizada pela Conferência Episcopal Francesa culmina nesta quarta-feira, 20 de agosto. A iniciativa, sob a liderança do cardeal Jean Marc Aveline, arcebispo de Marselha, trouxe a mensagem de solidariedade e esperança a comunidades cristãs que enfrentam desafios significativos, como as de Taybeh, Belém e Jerusalém. Com o apoio do Papa Leão XIV, os bispos buscavam não apenas expressar apoio espiritual, mas também encontrar formas de conectar e fortalecer laços com os fiéis locais.
Um testemunho pela Terra Santa
Durante a visita, Aveline celebrou missa em Taybeh, ladeado por líderes comunitários e membros da congregação, e se reuniu com cristãos em Belém, na Basílica da Natividade. “Não viemos para falar, mas para ouvir e compreender”, afirmou o cardeal em uma coletiva de imprensa na sede do Patriarcado Latino de Jerusalém. A presença dos bispos em solo sagrado, disseram, era um apontamento necessário em um período de dor e incerteza, especialmente em vista da situação tensa em Gaza, que afeta diretamente a vida das comunidades palestinas.
O cardeal enfatizou a tristeza e a angustia vividas na região, revelando que, durante uma chamada telefônica com o pároco do enclave palestino, Pe. Romanelli, ele ficou a par das dificuldades enfrentadas pela paróquia Sagrada Família.
Repensar a peregrinação
Aveline destacou a necessidade de uma nova abordagem para a peregrinação, sugerindo que os futuros peregrinos devem conhecer a complexa realidade vivida pelos cristãos na região. “É essencial que cada peregrino compreenda as dificuldades que os cristãos enfrentam aqui”, ressaltou. O cardeal deseja uma conversão nos corações dos peregrinos, fazendo com que suas visitas se transformem em um ato de solidariedade e apoio, ao invés de uma mera melhoria pessoal em sua fé.
O mistério da Paixão e a ligação com o judaísmo
Além das questões sociais, o cardeal também falou sobre a responsabilidade da Igreja em relação ao Povo da Terra Santa. Ele discutiu o papel fundamental do cristianismo na compreensão do Cristianismo em sua relação com o judaísmo, citando o que sente ser um “vínculo vital” entre as duas tradições. Ao mesmo tempo, Aveline ressaltou os desafios do crescente antissemitismo na Europa, instando por um diálogo respeitoso e crítico onde os fiéis possam reconciliar suas histórias e experiências de fé.
A esperança que renasce das ruínas
Por fim, o cardeal não deixou de realçar o aspecto esperançoso da missão. “Quando todos os motivos de esperança desaparecem, só resta no coração aqueles que acreditam em Cristo e na Ressurreição.” Ele lembrou que, apesar das dificuldades, a alegria do Evangelho ainda pode ser vista nos lugares sagrados. “Deus sabe fazer obras-primas com as ruínas dos nossos sonhos”, reiterou, enfatizando que a esperança é o que verdadeiramente renova a fé e a espiritualidade das pessoas.
À medida que a peregrinação se aproxima do fim, Aveline se compromete a levar à Igreja da França e da Europa as histórias e ensinamentos obtidos na Terra Santa, esperando que esses histórias inspirem um renovado senso de solidariedade e empatia por aqueles que enfrentam dificuldades diariamente.
Por meio desta peregrinação, a Conferência Episcopal Francesa fortalece os laços de fraternidade e compaixão entre cristãos e outras comunidades, reafirmando que mesmo em meio à crise, a esperança e a solidariedade podem prevalecer.