O deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO), relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, afirmou em entrevista ao Metrópoles que pode convocar o irmão mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico. A convocação, segundo Ayres, ocorrerá se surgirem provas que liguem Frei Chico a fraudes na folha de pagamentos do Instituto Nacional do Seguro Social.
Investigação das fraudes no INSS
O Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), do qual Frei Chico é vice-presidente, está entre as entidades sob investigação na Operação Sem Desconto, desencadeada pela Polícia Federal em abril deste ano. Essa operação se originou a partir de uma série de reportagens do Metrópoles, que expuseram a chamada “Farra do INSS”.
Ricardo Ayres explicou que o interesse em convocar Frei Chico está mais relacionado à sua conexão familiar com o atual presidente do que a qualquer evidência concreta de sua participação nas fraudes. “Se tiver de chamar, nós vamos chamar. O interesse nele é mais em função de ser o irmão do presidente do que propriamente alguma coisa que ligue ele verdadeiramente”, disse o relator. Ele ressaltou a necessidade de responsabilidade na investigação e afirmou que o vínculo de Frei Chico com o presidente não deve ser ignorado, mas também não pode ser a única justificativa para sua convocação.
CPMI do INSS: entendimento e críticas
A CPMI do INSS foi oficialmente instalada no dia 20 de agosto e surge após meses de obstrução e discussões sobre sua criação. O governo temia que a investigação pudesse prejudicar sua imagem, já que uma apuração sobre fraudes em uma entidade pública poderia enfraquecê-lo politicamente. O escândalo do INSS, revelado em reportagens do Metrópoles desde dezembro de 2023, mostrou um aumento alarmante na arrecadação de associações ligadas ao INSS, alcançando R$ 2 bilhões, e evidenciou a quantidade de processos contra essas associações por suspeita de fraudes nas filiações.
A abertura de inquérito pela Polícia Federal foi diretamente impulsionada pelas reportagens do Metrópoles, que ajudaram a embasar as investigações da Controladoria-Geral da União (CGU). Até o momento, 38 matérias do portal foram citadas na representação que originou a Operação Sem Desconto, resultando na demissão do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e na renúncia do ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi.
Os perfis dos presidentes e relatores da CPMI foram considerados neutros, com o senador Omar Aziz (PSD-AM) e o deputado Ricardo Ayres não tendo assinado o pedido de criação da comissão. Essa postura gerou críticas de opositores que argumentam que a investigação poderia ser influenciada por interesses políticos.
A composição da CPMI
A CPMI contará com um total de 32 membros, divididos entre titulares e suplentes. Entre os membros, há figuras com posturas firmes, como o senador Magno Malta (PL-ES) e o deputado Marcel Van Hattem (PL-RS), que podem trazer debates intensos e acirrados sobre os rumos da investigação.
Com um cenário conturbado e a expectativa de que novas informações venham à tona, a CPMI do INSS pode ser um importante fator de mudança para as políticas previdenciárias e o combate à corrupção no Brasil. Os desdobramentos da investigação e a possibilidade da convocação de Frei Chico poderão gerar repercussões significativas tanto para o governo quanto para a sociedade.