A gestão de Ricardo Nunes (MDB) iniciou nesta terça-feira (19) o processo de despejo do Teatro de Contêiner, localizado no bairro da Luz, em São Paulo. A movimentação, amplamente coberta nas redes sociais, inclui a presença da polícia militar e da Guarda Civil Metropolitana (GCM), que cercaram o local e tentaram impedir a entrada dos artistas da Companhia Mungunzá, responsável pela gestão do espaço.
Motivos do despejo
O despejo é uma resposta a uma notificação emitida pela subprefeitura da Sé, que estipulou um prazo até esta quinta-feira (21) para que o teatro seja desocupado. No entanto, ao chegarem para realizar ensaios, os membros da companhia se depararam com a polícia civil tentando impedir seu acesso. Diante da situação, a Mungunzá convocou artistas e membros da sociedade civil para se mobilizarem em frente ao teatro, buscando pressionar a prefeitura a prorrogar o prazo para desocupação.
A companhia solicitou um período adicional de 120 dias, mas essa proposta foi rejeitada pela gestão Nunes. A prefeitura argumenta que já foram oferecidas alternativas, como terrenos para uma nova ocupação, e afirma que o espaço atual será destinado à construção de moradias populares, uma prioridade para a cidade.
Alternativas de locação
Entre as opções sugeridas, uma delas é um imóvel na Rua Helvética, situado entre a alça de acesso ao Minhocão e a Transmissora de Energia Central Paulistana S.A. No entanto, representantes da Mungunzá expressaram preocupações com a adequação do local devido ao alto nível de ruídos e ao tráfego intenso, que tornariam inviável a realização de atividades teatrais. A prefeitura não respondeu sobre a viabilidade dessa alternativa.
Além disso, a Mungunzá alertou que possui um cronograma de apresentações e eventos programados até o final de dezembro, financiados pela 41ª edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro. Uma mudança abrupta não permitiria o cumprimento dos prazos estabelecidos no edital, comprometendo os eventos que envolvem a comunidade e a cultura local.
Apoio do Ministério da Cultura
Em meio a essa controvérsia, o Ministério da Cultura se manifestou, enviando um ofício à prefeitura pedindo a prorrogação do prazo de desocupação por mais 180 dias. O documento argumenta que a preservação do equipamento cultural exige um planejamento técnico e logístico adequado para a desmontagem, transporte e reestruturação do espaço. Os representantes do ministério destacam que o prazo estipulado de 15 dias prejudica tanto a companhia quanto a sociedade, refletindo sobre a importância de se respeitar os tempos necessários para as mudanças.

Fachada do Teatro de Contêiner Mungunzá
Repercussão e apoio da comunidade
O Teatro de Contêiner é considerado um dos principais espaços culturais da cidade, tendo recebido o apoio de várias figuras proeminentes, como o ator Mateus Solano e o rap artist Emicida. A atriz Fernanda Montenegro, por exemplo, usou suas redes sociais para direcionar uma carta ao prefeito Ricardo Nunes, sublinhando a importância do espaço e da companhia para a cena cultural paulista.
Entretanto, a Mungunzá também criticou a falta de diálogo com o Secretário Municipal de Cultura e Economia Criativa, José Antônio Silva Parente, conhecido como Totó Parente. Os artistas da companhia alegaram que o secretário “lavou as mãos” e não procurou discutir alternativas com o grupo. A insatisfação com a falta de comunicação da prefeitura é uma realidade que tem motivado ainda mais protestos e manifestações em prol da permanência do teatro.
Resposta da prefeitura
Embora a prefeitura tenha sido contatada para comentar sobre a situação, até o fechamento deste artigo não houve resposta oficial sobre o desenrolar dos eventos e quais decisões adicionais poderiam ser tomadas.
O futuro do Teatro de Contêiner permanece incerto, mas a mobilização da comunidade cultural e o apoio de instituições como o Ministério da Cultura evidenciam a luta pela manutenção do espaço, um símbolo da arte e da resistência cultural em São Paulo.