Brasil, 19 de agosto de 2025
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Decisão de Flávio Dino gera incertezas no mercado financeiro

A medida do ministro do STF que restringe bloqueios de contas preocupa bancos e investidores no Brasil.

A recente decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determina que qualquer bloqueio de ativos ou contas de brasileiros somente poderá ocorrer com autorização da Corte, tem gerado incertezas significativas no mercado financeiro. A nova regra preocupa investidores e instituições financeiras, levantando dúvidas sobre a aplicação das sanções da Lei Magnitsky, que atinge figuras importantes na política brasileira.

Reações do mercado financeiro

Segundo a colunista do GLOBO, Malu Gaspar, executivos de diversas instituições financeiras manifestaram que a decisão pode não ter um impacto imediato nas sanções já em curso contra o ministro Alexandre de Moraes. No entanto, no médio e longo prazo, a mudança pode representar uma barreira significativa para o funcionamento das instituições financeiras.

Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos, destacou que os bancos enfrentam um dilema: seguir uma ordem do STF que pode resultar em consequências financeiras negativas, ou desobedecê-la, arriscando multas e comprometendo suas operações internacionais. “Vai ficar no limite entre o banco ser o responsável por tomar um risco, ao atender a uma ordem do Supremo, ou algo que pode trazer multa e impactar os negócios das instituições”, afirmou Marcatti.

Possíveis impactos da Lei Magnitsky

Pedro Moreira, sócio da One Investimentos, também se mostrou preocupado com a situação. Ele menciona que os bancos podem lidar com sanções severas, o que poderia prejudicar seu acesso ao mercado internacional. “O maior risco é os bancos brasileiros perderem a participação no mercado internacional. Se a lei for aplicada de forma rígida, podemos desencadear um problema bancário aqui”, alertou.

A opinião das corretoras

A corretora Ativa Investimentos considerou a decisão do ministro Dino inoportuna, dizendo que cria um cenário de tensão nas relações entre o Judiciário brasileiro e os Estados Unidos. O comunicado, assinado por Étore Sanchez, enfatiza que a atual retórica prejudica a institucionalidade brasileira, pois a soberania nacional estava sendo respeitada até então.

“Esse jogo de retórica é extremamente prejudicial, à medida que traz uma elevação do risco-país, afetando investimentos tanto num curto quanto num longo prazo”, completou a Ativa Investimentos.

Cenário de incertezas

Felipe Sant’Anna, especialista em investimentos da Axia Investing, destacou que as informações sobre a aplicação da Lei Magnitsky permanecem restritas e que a situação entre Brasil e Estados Unidos está tensa. “A falta de informações claras e o afastamento diplomático presente podem gerar incertezas e complicações no futuro”, argumentou.

Além disso, Sant’Anna notou que sanções podem impactar pessoas físicas e até mesmo o uso de cartões emitidos por bandeiras internacionais, como Visa e Mastercard. “Se houver restrições para clientes sancionados, os bancos brasileiros poderiam ser afetados”, alertou ele.

Impacto na Bolsa de Valores

O impacto no mercado já se reflete na Bolsa, com a maioria das ações dos bancos apresentando quedas. Às 11h, por exemplo, o Itaú caiu 2,46%; o Bradesco 2,45%; o BTG 3,2%; e o Banco do Brasil 1,38%. Os papéis da B3 (B3SA3) também operavam em baixa de 3,19%. O sentimento do mercado é de grande incerteza, que pode impactar a confiança dos investidores a curto e longo prazo.

Daniel Teles, especialista e sócio da Valor Investimentos, ressaltou que a situação representa uma queda setorial, com os investidores evitando riscos neste momento. “O setor está em queda generalizada, e o investidor está preferindo ficar fora da briga”, disse Teles.

Posição dos bancos

Em resposta a toda esta situação, o Itaú Unibanco e o Bradesco optaram por não comentar sobre o caso. O Banco do Brasil, por sua vez, afirmou que atua de acordo com a legislação brasileira e os padrões internacionais do sistema financeiro, mostrando-se preparado para lidar com questões complexas.

Outros bancos, como Santander, Caixa, Nubank e Banco Inter, ainda não deram resposta às solicitações de comentários.

Enquanto isso, os analistas continuam a monitorar a situação, na expectativa de que novos desdobramentos ocorram nas próximas semanas. A capacidade de adaptação das instituições financeiras a essa nova realidade será crucial para a estabilidade econômica do Brasil no futuro.

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