Brasil, 19 de agosto de 2025
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Acolhimentos a pessoas em situação de rua crescem, mas desafios persistem

No Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua, cresce a necessidade de respeito e dignidade para quem vive nas ruas do Rio.

No último dia 19, marcado pelo Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua, diversos movimentos sociais se reuniram no Rio de Janeiro para reforçar a urgência do respeito e dignidade para aqueles que enfrentam a realidade de viver nas ruas. O Fórum de Defesa dos Direitos da População em Situação de Rua organizou um ato pacífico na escadaria da Câmara Municipal, na Cinelândia, onde manifestantes clamaram pelo fim do preconceito e da violência, especialmente em operações urbanas que frequentemente apreendem os poucos pertences que essas pessoas possuem.

A realidade de quem vive nas ruas

Monique de Souza, uma mulher de 48 anos, é um dos rostos que ilustram essa dura realidade. Dividindo um espaço na marquise da Cinelândia com o marido e sua cadela Pantera, Monique luta diariamente pela dignidade e oportunidades. “Quando eu não tô aqui na Praça Floriano, tô lá na Santa Lúcia”, explica. Sua história é marcada por perdas e desafios, que se intensificam pela luta constante para encontrar um lar e reintegrar-se ao mercado de trabalho, uma missão dificultada pelo estigma que carrega como ex-presidiária.

“É difícil. E é difícil porque eu já fui ex-presidiária. Entendeu? Errar é humano. Repetir é burrice”, declara, ressaltando seu desejo sincero de reabilitação e mudança.

Dados alarmantes sobre a população em situação de rua

O censo de 2022 aponta que mais de 7,8 mil pessoas estão vivendo nas ruas do Rio, uma realidade composta por homens, mulheres e até crianças que se espalham por diferentes regiões da cidade. Dados da Secretaria Municipal de Assistência Social indicam um aumento nos atendimentos a essa população em 2025: entre janeiro e julho, foram realizadas mais de 62 mil abordagens, um incremento de quase 15 mil quando comparado ao mesmo período de 2024. Embora muitos ainda recusem a opção de abrigo, o acolhimento também apresentou crescimento, com mais de 33 mil atendimentos nos primeiros sete meses do ano — uma média de 156 por dia, quase 21 mil a mais do que no ano anterior.

O papel da Prefeitura e das instituições de apoio

Em entrevista, Jéssica Almeida, subsecretária de Proteção Social da Prefeitura do Rio, explicou que os espaços abrigos são diversificados, buscando atender diferentes perfis: “Nós temos abrigos para idosos, abrigo para mulheres, homens e também para famílias, respeitando as particularidades de cada grupo”. Essa abordagem diversificada é crucial para desenvolver um atendimento efetivo e humano, mas os especialistas alertam que a solução vai além de simplesmente oferecer um teto.

Desafios relacionados ao mercado de trabalho

Dário de Souza e Silva Filho, professor da UERJ e pesquisador do tema, destaca que a escassez de empregos formais e a precariedade do mercado de trabalho alimentam o aumento da população em situação de rua. “O Rio de Janeiro atraiu muita mão de obra de baixa qualificação durante os grandes eventos recentes, mas a falta de continuidade desses postos de trabalho deixou muitas pessoas em situação de vulnerabilidade”, afirma.

Ele também ressalta a importância de garantir o acesso a itens básicos, como higiene e alimentação, fundamentais para a preservação da saúde mental e física dos moradores de rua. “Há uma conexão comprovada entre a falta de higiene e o sofrimento psíquico. Quanto mais tempo uma pessoa fica sem cuidar de si, menos chances ela tem de reintegração no mercado de trabalho”, aponta.

Iniciativas de solidariedade e o papel da comunidade

Além das ações governamentais, iniciativas comunitárias têm se destacado na luta por melhores condições de vida para essa população. A pastora Mara Cristiane, da Assembleia de Deus Poder e Unção, na Taquara, realiza há mais de uma década a distribuição de quentinhas, um trabalho que hoje chega a levar entre 800 e 1.500 refeições por dia. “A necessidade na rua hoje é muita fome”, afirma, enfatizando que a solidariedade comunitária é um pilar essencial para suprir necessidades imediatas.

Enquanto os números de acolhimentos crescem, os desafios em saúde, emprego e restabelecimento da dignidade pessoal permanecem. A luta pela inclusão e pelo respeito à população em situação de rua é uma responsabilidade coletiva que exige ações contínuas e efetivas.

O Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua nos lembra de que cada pessoa em situação de vulnerabilidade é, acima de tudo, um ser humano com sonhos e direitos que precisam ser respeitados e valorizados.

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