No centro de uma intensa discussão política, o deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO) destacou sua postura de imparcialidade como relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Em entrevista ao jornal O GLOBO, Ayres afirma que a CPI não irá proteger nenhum dos lados e que todos os envolvidos, incluindo o irmão do presidente Lula, Frei Chico, podem ser convocados para depor.
A CPI e suas implicações para a sociedade brasileira
Frei Chico é vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) e está entre os citados como parte de um esquema que desvia dinheiro de aposentados por meio de descontos indevidos em seus benefícios. A CPI surge em um momento de polarização política no Brasil, onde governo e oposição trocam acusações sobre a responsabilidade pelos problemas enfrentados pelos aposentados.
Em relação às orientações que recebeu do presidente da Câmara, Hugo Motta, Ayres esclareceu que não houve diretrizes específicas, apenas um pedido para que o trabalho fosse conduzido com responsabilidade e equilíbrio. O deputado também ressaltou que ele e o presidente da comissão, o senador Omar Aziz (PSD-AM), atuarão em conjunto para garantir a transparência e a verdade durante os trabalhos da CPI.
O papel das investigações na CPI do INSS
A investigação da CPI terá como base a Operação Sem Desconto e auditorias da Controladoria-Geral da União (CGU), mas não se limitará a esses documentos. Ayres anunciou que pretende buscar novas provas e até mesmo identificar falhas nas investigações já existentes, reforçando a importância de compreender a fundo os mecanismos que possibilitaram as fraudes.
“Nosso foco não é investigar pessoas, mas sim fatos. Os fatos podem levar a pessoas, independentemente de partido ou governo”, afirmou Ayres, enfatizando que a CPI não tem intenção de proteger ninguém. Segundo ele, existe um esquema criminoso prejudicial aos mais pobres que precisa ser desmantelado.
Convocações e a tensão política em torno da CPI
Quando questionado sobre a possibilidade de convocar Frei Chico para prestar esclarecimentos, Ayres explicou que a decisão sobre quem será ouvido será tomada pela maioria da CPI. “Quem for citado, certamente será chamado para prestar explicações”, disse, afirmando que, até o momento, não sofreu pressões significativas de nenhum dos lados para influenciar a condução dos trabalhos.
Ao abordar as críticas da oposição em relação à sua escolha como relator, Ayres ponderou que já teve conversas com vários membros da CPI e reafirmou seu compromisso em buscar diálogo. “Estou aberto a dialogar com todos. Todos que chegaram aqui têm legitimidade e serão respeitados”, declarou.
A avaliação do governo Lula e futuro político
Ayres não hesitou em criticar o governo Lula, considerando que o presidente “deixou a desejar” em seu terceiro mandato. Em sua análise, as condições econômicas e o acirramento ideológico dificultam a governabilidade, mas isso não justifica todos os problemas. Ele argumentou que a Câmara tem aprovado pautas importantes, como a reforma tributária e o pacote fiscal, ressaltando que a ideia de que o Congresso é contra o governo é infundada.
Abordando questões controversas, ele também comentou sobre a postura de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, chamando de “absurdo” o uso da bandeira de outro país contra os interesses nacionais. Sobre a prisão do ex-presidente Bolsonaro, Ayres expressou sua opinião pessoal, considerando que houve exageros em algumas penas, mas ressaltou que a questão cabe ao Judiciário.
Por fim, ao falar sobre o futuro do Republicanos nas eleições de 2026, Ayres revelou que a decisão do partido ainda está em aberto. O governador Tarcísio de Freitas, um nome forte dentro do partido, é mencionado, mas a definição sobre sua candidatura à presidência dependerá de uma série de fatores, incluindo sua reeleição em São Paulo.
A CPI, portanto, não apenas desempenha um papel crucial na fiscalização de irregularidades que afetam os aposentados, mas também se torna um palco para disputas políticas que moldam o futuro do Brasil.