No dia 11 de agosto de 2025, a anciã Djidjuke Karajá, da aldeia Hãwalo em Santa Isabel do Morro, na Ilha do Bananal, faleceu aos 100 anos. Djidjuke se destacou por ser uma das raras mulheres indígenas a estampar a cédula de 1.000 cruzeiros, um marco que celebrou a cultura Karajá e as tradições indígenas brasileiras na década de 90.
A trajetória de vida e legado de Djidjuke Karajá
Na infância, quando nasceu em 1925, Djidjuke foi imbuída em rituais que a tornaram pajé desde muito jovem. Segundo relatos familiares, sua trajetória foi marcada por uma dedicação intensa ao cuidado da comunidade, onde ela utilizava seus conhecimentos sobre a medicina tradicional para tratar aqueles que a procuravam. Uma parente de Djidjuke, que optou por não se identificar, ressaltou o papel significativo que ela desempenhou em sua comunidade.
“Ela não se tornou pajé adulta. Já nasceu pajé desde pequenininha. Era muito raro uma mulher ocupar essa posição na nossa cultura, que historicamente reservou às mulheres papéis mais voltados para o lar”, comentou a parente. Apesar das limitações de gênero de sua época, Djidjuke quebrou barreiras e se tornou uma referência como curandeira e líder espiritual.
Sabedoria e práticas tradicionais
Djidjuke era reconhecida por sua sabedoria e habilidade em técnicas tradicionais, dominando a cerâmica e o artesanato, criando objetos essenciais para rituais e para o cotidiano da comunidade. “Ela sabia desde cerâmica, artesanato, os adornos de uso principal nos rituais. Era uma mulher muito sábia, que sempre buscava as ervas no mato para os tratamentos”, explicou sua parente. Seu sorriso e alegria eram contagiantes, e a pintura facial que utilizava na cédula de 1.000 cruzeiros se tornou um símbolo de sua identidade, reconhecida por todos na aldeia.
A repercussão da morte de Djidjuke e a dor da comunidade
A notícia de sua partida causou grande comoção entre seus familiares e a comunidade Karajá. Orgãos como a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) lamentaram sua morte, destacando sua importância para a liderança e a preservação dos saberes tradicionais. Em comunicado, a Funai expressou: “Djidjuke Karajá deixa como legado sua forte liderança no cuidado com o povo Karajá, atuando principalmente como guardiã dos saberes da medicina tradicional”.
O Distrito Sanitário Especial Indígena Araguaia também se manifestou, ressaltando o impacto que Djidjuke teve na vida de muitos e expressando condolências à sua família. “Neste momento de dor, expressamos nossas sinceras condolências à família enlutada, aos amigos e a todos do povo Karajá, unindo-nos em solidariedade e respeito à memória desta importante liderança e guardiã de saberes tradicionais”, disse Labé Kàlàriki Karajá, coordenador do DSEI Araguaia.
Um legado que transcende gerações
Djidjuke Karajá não apenas deixou uma marca indelével na história de sua comunidade, mas também se tornou um símbolo de resistência e força feminina entre os povos indígenas. Sua vida e ensinamentos continuarão a inspirar futuras gerações. Muitos que a conheceram foram tocados por sua generosidade e pelos conhecimentos que dela aprenderam, assegurando a perenidade da cultura Karajá.
Conforme a tradição oral, a indelével memória de Djidjuke se manterá viva nos corações dos que a amaram e nos ensinamentos que propagou. O legado de sua sabedoria e dedicação ainda ecoa nas práticas da medicina tradicional e na valorização das raízes culturais do povo Karajá.
Para aqueles que desejam saber mais sobre a vida e a contribuição da anciã Djidjuke Karajá, é possível acompanhar as reportagens e homenagens que surgem em sua memória nas redes sociais e meios de comunicação, onde seu legado continuará a ser celebrado.
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