A Avenida Beira-Mar, um dos principais pontos turísticos de Fortaleza, se tornou palco para novas ameaças de uma facção criminosa. O Comando Vermelho (CV), conhecido por sua atuação em atividades ilícitas, está tentando controlar a venda de água de coco e de outros produtos na região, fazendo ameaças diretas a vendedores e fornecedores locais. Esta situação alarmante traz à tona questões de segurança pública e a luta pela sobrevivência daqueles que dependem dessa atividade para sustentar suas famílias.
Ameaças e controle de vendas
De acordo com relatos obtidos pelo g1, os criminosos criaram um grupo de WhatsApp, batizado de “Grupo das Bebidas”, para coordenar suas ações criminosas. Todos os ambulantes que atuam na Beira-Mar foram forçados a entrar nesse grupo, onde membros da facção dão ordens e cobram obediência. A exigência principal é que os vendedores comprem seus produtos de um depósito controlado pelo CV, sob ameaça de morte para aqueles que desobedecerem.
Uma testemunha, que optou por não se identificar, revelou que a situação se agravou recentemente, com a facção afirmando que a venda de produtos como água de coco, cervejas e refrigerantes só poderia ocorrer se esses itens fossem comprados de um fornecedor específico. “Uma duas semanas atrás, eles disseram que iriam colocar um depósito e que teríamos que comprar as bebidas lá. Se não, seria um problema sério”, contou.
A resposta das autoridades
Em resposta a essas ameaças, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) do Ceará informou estar investigando as denúncias relacionadas ao caso. “O policiamento da área está sob a responsabilidade do Batalhão de Policiamento Turístico (BPTur), que tem fortalecido a presença policial na região com apoio adicional de equipes especializadas”, disse a SSPDS.
Apesar da presença policial, muitos vendedores afirmam que estão com medo de denunciar a situação, pois a facção circula livremente pela área e continua fazendo ameaças. As conversas do grupo de WhatsApp revelam a intimidação que está vigente: “Atenção a todos. Não será permitida a saída do grupo. Não desrespeitar as regras, viu? Para não serem punidos”, diz uma das mensagens. Esses relatos são preocupantes e refletem um ambiente de tensão que prejudica não apenas a segurança dos negócios, mas a segurança física dos trabalhadores.
Condições de trabalho sob risco
Os relatos evidenciam o impacto que a violência organizada pode ter sobre o cotidiano dos trabalhadores informais. Vendedores e ambulantes, que essencialmente vivem do dia a dia, estão agora sujeitos a regras impostas por criminosos. Um vendedor, que decidiu não ser identificado, expressou sua frustração e preocupação: “Se não obedecermos, eles disseram que vão nos fazer mal. Isso não é apenas sobre dinheiro; é a nossa vida que está em risco”.
Os relatos indicam que mais do que um simples controle de vendas, estamos diante de uma tentativa de imposição de domínio territorial e econômico de uma facção criminosa sobre um dos pontos turísticos mais importantes do estado, o que é inaceitável em uma sociedade democrática.
Conclusão: o que vem a seguir?
A situação na Avenida Beira-Mar exige atenção imediata não apenas das forças de segurança, mas de toda a sociedade. É preciso encontrar formas eficazes de proteger esses trabalhadores e garantir que eles possam exercer suas atividades sem o medo constante de represálias. A união entre o poder público e a comunidade pode ser uma chave para reverter esse cenário de violência e restaurar a paz na principal área turística de Fortaleza. O combate à violência organizada e o apoio à economia local devem ser prioridades para que a cidade continue sendo um destino seguro e acolhedor para seus cidadãos e turistas.
O que se espera agora é que as autoridades intensifiquem suas operações e que a comunidade se una para combater essas ameaças, garantindo um ambiente mais seguro e justo para todos os vendedores e trabalhadores da região.