O padre Gabriel Romanelli, pároco da única igreja católica de Gaza, Holy Family Parish, informou nesta segunda-feira (18) que forças israelenses emitiram uma ordem de evacuação na vizinhança de al-Zaytun, na cidade de Gaza. A medida faz parte de um plano mais amplo de transferência de civis do norte para o sul do território, agravando a crise humanitária em meio ao conflito de dois anos na região.
Evacuação de Gaza e seus desafios para a população
De acordo com Romanelli, a ordem de evacuação tem causado grande preocupação, pois questiona-se: “Onde podem encontrar espaço para alojar todos os habitantes?” Ele afirmou que Israel está distribuindo tendas para facilitar o deslocamento dos residentes. A população de Gaza, estimada em 2,3 milhões de pessoas, enfrenta graves dificuldades de deslocamento e acessibilidade, com poucos locais disponíveis para acolhimento seguro.
Crise humanitária e resposta internacional
A operação de evacuação ocorre em meio a uma crise humanitária severa, com carência de alimentos, água e medicamentos, conforme relatado pela Caritas Jerusalém. Eles alertam que “pessoas estão morrendo de fome” e que “todas as crianças estão sofrendo de desnutrição”, em um cenário de emergência que piora diante do conflito contínuo.
Apesar da ordem de evacuação, Romanelli observou sinais contraditórios, como a distribuição contínua de alimentos por organizações de assistência às comunidades civis que permanecem na área. O complexo da Holy Family Parish, que inclui escola, convento, centro múltiplo e edifício dos Missionários da Caridade, permanece como refúgio para mais de 600 pessoas, incluindo cristãos ortodoxos, protestantes, católicos, crianças com deficiência e suas famílias.
Incidente na igreja e impacto do conflito
Em julho, a Igreja da Santa Família foi atingida por munições israelenses, causando ferimentos em Romanelli e outros oito civis, além de mortos. Em resposta ao ataque, o Papa Leo XIV pediu o fim da violência, renovando seu apelo por um cessar-fogo imediato na faixa de Gaza e por diálogo para a reconciliação.
Nas redes sociais, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, expressou pesar pelo incidente, afirmando: “Israel lamenta que uma munição perdida atingiu a Igreja da Santa Família em Gaza. Cada vida inocente perdida é uma tragédia. Compartilhamos a dor das famílias e dos fiéis.” A Defesa de Israel também afirmou que o ataque foi um “desvio de munições” e que investigará o ocorrido.
Protestos contra planos de ocupação
Na última semana, dezenas de milhares de pessoas em Tel Aviv protestaram contra o plano de ocupação da Gaza pelo governo israelense, considerando-o uma ameaça às vidas de civis, incluindo os cerca de 20 reféns mantidos pelo Hamas. O projeto do governo contempla desarmar Hamas, libertar reféns, desmilitarizar Gaza, estabelecer controle temporário e substituir o Hamas por uma administração civil árabe amigável.
Durante a missa dominical na Igreja da Santa Família, uma explosão danificou um tanque de água próximo, sem causar feridos, mais um reflexo da instabilidade que assola a região, enquanto o conflito persiste e a esperança por paz permanece distante.
