O Boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central, revelou a décima segunda semana consecutiva de redução nas projeções para a inflação de 2025. O documento indica que os investidores agora esperam um IPCA de 4,95%, menor do que os 5,05% registrados na semana anterior, marcando a primeira previsão abaixo de 5% desde o início de janeiro.
Revisão das expectativas e fundamentos econômicos
De acordo com analistas, essa revisão reflete o arrefecimento dos indicadores econômicos recentes, que vêm demonstrando desaceleração da atividade diante do atual patamar da taxa básica de juros, em 15%. O documento é uma referência importante para o Banco Central na definição da política de juros.
Indicadores econômicos em queda
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) apresentou queda de 0,1% na última semana, contrariando a expectativa de alta de 0,1%. Além disso, a inflação de julho, divulgada na semana passada, foi de 0,26%, abaixo da previsão de 0,35%. No varejo, as vendas também recuaram 0,1%, registrando o terceiro mês consecutivo de queda.
Fatores que contribuem para a desaceleração
Segundo Rodolfo Margato, economista da XP, a expectativa de menor inflação é consequência de diversos fatores. “Temos observado perda de tração em setores sensíveis ao ciclo econômico, como varejistas, indústria de transformação e alguns serviços, levando a uma trajetória mais favorável para a inflação”, afirma.
Outro elemento importante é a desvalorização do câmbio. A moeda americana já registra uma queda de 12,5% no ano, o que, na avaliação de Leonardo Costa, economista da financeira Asa, tem contribuído para a surpresa de uma inflação mais fraca. “O dólar atua como um dos fatores dessa desaceleração, impactando bens industrializados que mostram sinais de resfriamento.”
Perspectivas futuras e impacto na política de juros
Especialistas indicam que, com a desaceleração da inflação, há uma possibilidade de antecipação do ciclo de cortes na taxa de juros. Atualmente, o mercado já precifica uma redução da Selic a partir de dezembro, com chances de início deste processo em janeiro.
Leonardo Costa destaca que, apesar da perspectiva de desaceleração, o mercado de trabalho ainda mantém números robustos, com a taxa de desemprego no menor nível da série histórica, 5,8% no último trimestre. “O impacto dos juros no emprego leva um tempo para se manifestar, mas o cenário indica um possível início de afrouxamento monetário no final do ano.”
Projeções para 2025 e 2026
Apesar da melhora na expectativa de inflação, as projeções para o PIB, câmbio e Selic ao final de 2025 permanecem inalteradas, com crescimento de 2,21%, câmbio a R$ 5,60 e taxa básica de juros em 15%. Para 2026, o mercado espera um IPCA de 4,40%, crescimento do PIB de 1,87%, dólar a R$ 5,70 e Selic de 12,5% ao fim do período.
A divulgação do Boletim Focus reforça a percepção de que o ambiente econômico está se ajustando, com sinais de desaceleração que podem influenciar futuras decisões do Banco Central e o ritmo de crescimento econômico.
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