No último sábado (18), após ser sancionado com base na Lei Magnitsky pelos Estados Unidos, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, assistiu ao famoso clássico entre Corinthians e Palmeiras. Em entrevista ao jornal Washington Post, Moraes descreveu a experiência como uma “distração útil” em um momento delicado de sua carreira.
A reação de Moraes às sanções
As sanções impostas pelo governo de Donald Trump foram um marco significativo para Moraes, que enfrentou a pressão de ser o primeiro alvo das penalidades direcionadas a figuras brasileiras. Ele revelou que, após o jogo, seu celular foi inundado de mensagens e comentários sobre o acontecido. “Foi um momento de relaxamento”, ponderou, embora tenha admitido que a partida em si “não foi particularmente boa” devido ao desempenho técnico.
No entanto, as alegações de que Moraes reagiu a torcedores que o hostilizavam durante o jogo, mostrando um gesto de descontentamento, geraram novas controvérsias. O fotógrafo Alex Silva capturou o momento, que rapidamente se tornou um tópico de discussão nas mídias sociais.
Relações Brasil-EUA sob a ótica de Moraes
Na mesma entrevista, Moraes foi claro ao afirmar que as “falsas narrativas” criadas por políticos brasileiros, especialmente Eduardo Bolsonaro, prejudicaram a relação amistosa entre Brasil e Estados Unidos. Ele citou pensadores políticos americanos, como John Jay e Thomas Jefferson, como referências em sua busca por um bom relacionamento entre as nações e ressaltou a necessidade de esclarecer as desinformações que têm circulado.
“Essas narrativas falsas acabaram envenenando o relacionamento — narrativas falsas sustentadas pela desinformação disseminada por essas pessoas nas redes sociais”, afirmou Moraes.
O ministro ainda se referiu à perda de liberdades individuais como um efeito colateral das sanções recebidas, ressaltando que a experiência é desconfortável, mas que ele seguiria firme em suas obrigações. Ele também mencionou a atuação da Polícia Federal, que investiga a participação de políticos nos Estados Unidos em atos contra o Brasil.
A defesa do STF
Em resposta a críticas do ex-ministro Marco Aurélio Mello, Moraes defendeu a atuação do STF como uma “vacina” contra a autocracia, argumentando que a Corte não pode retroceder em suas decisões. Mello havia expressado sua preocupação com o que chamou de “deterioração da instituição”, uma crítica que Moraes contestou fortemente.
“Não há como recuarmos naquilo que precisamos fazer. Digo isso com total tranquilidade”, reafirmou Moraes.
O ministro insistiu que as investigações e julgamentos, particularmente o caso do ex-presidente Jair Bolsonaro, continuarão conforme planejado. “Não recuarei um milímetro sequer”, assegurou, enfatizando seu compromisso com a justiça e a legalidade.
Próximos passos na justiça brasileira
A Primeira Turma do STF já agendou uma série de sessões para discutir o caso envolvendo Bolsonaro e aliados, marcando uma nova fase na investigação sobre as tentativas de golpe que ocorreram após as eleições de 2022. O julgamento acontecerá de forma presencial e contará com a participação ativa de Moraes, apesar das pressões externas e dos desafios que ele enfrenta atualmente.
As discussões em torno desta temática se intensificarão nos próximos meses, e Moraes continua se mostrando um ator central na narrativa política brasileira. O desenrolar desse caso pode definir não apenas o futuro do ex-presidente, mas também influenciar as relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos.
Enquanto isso, Moraes se mantém firme e decidido, reafirmando seu papel fundamental na defesa da Constituição e da democracia no Brasil, mesmo diante de adversidades e desinformação que buscam desestabilizar seu trabalho e o da instituição que representa.
As implicações desta situação não podem ser subestimadas e as próximas semanas serão cruciais para a política brasileira, incluindo o acompanhamento dos julgamentos que estão chegando na agenda do STF.
Fonte: Metrópoles.