Dados compilados pela Associação de Terminais Portuários Privados (ATP) indicam que, mesmo com a colheita de uma supersafra de grãos, a exportação pelos terminais do arco norte sofreu queda de 9% nos cinco primeiros meses do ano em comparação ao mesmo período de 2024. A redução ocorre em meio aos efeitos de secas severas que impactam o escoamento da produção.
Impactos das secas e desafios na infraestrutura do arco norte
Segundo Murillo Barbosa, presidente da ATP, os anos consecutivos de secas intensas provocaram drasticamente a redução dos níveis dos rios, prejudicando o transporte hidroviário. “A redução dos calados e a lentidão nas dragagens de manutenção impuseram restrições ao carregamento das embarcações e afetaram diretamente a eficiência do escoamento da safra”, afirma Barbosa.
Embora o escoamento continue até o segundo semestre, a entidade alerta para os efeitos acumulados das crises hídricas de 2023 e 2024, que já revelaram a vulnerabilidade da infraestrutura na região.
O crescimento do arco norte na exportação de grãos
Dados da ATP e da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) mostram que o arco norte ganha cada vez mais importância nas exportações brasileiras. Em 2024, foram exportadas quase 31 milhões de toneladas de soja e milho pelos portos da Amazônia, quase triplicando os 8 milhões de toneladas de 2015. Segundo estudos da CNA, o avanço da fronteira agrícola, especialmente em Mato Grosso, tem impulsionado esse crescimento.
O aumento na participação do arco norte é decisivo para capitalizar o potencial de exportação do Brasil, que movimenta atualmente 13,5 milhões de toneladas de grãos por ano somente pelo rio Madeira, uma cifra que quase triplicou desde 2015.
Perspectivas futuras e necessidade de melhorias na infraestrutura
Apesar das dificuldades atuais em relação às secas, a expectativa é que a participação do arco norte no escoamento de soja e milho aumente ainda mais neste ano. No entanto, para garantir uma expansão sustentável, é fundamental acelerar as obras de dragagem e ampliar o calado dos rios, especialmente com a atuação do projeto da Barra Norte e a futura concessão da Hidrovia do Rio Paraguai, cuja licitação deve ocorrer no segundo semestre.
Elisangela Pereira Lopes, assessora técnica da CNA, destaca que a prioridade na melhora da navegabilidade está relacionada à necessidade de enfrentar os gargalos de acesso aos portos do Pará e Maranhão. “A seca, aliada às limitações na dragagem, representa o maior desafio para a capacidade de transporte hidroviário”, afirma Lopes.
Desafios de curto e longo prazo para o escoamento da safra
Segundo a ATP, o atraso na colheita de soja e milho, causado pelo clima, diminuiu a movimentação nos primeiros meses de 2025, registrando uma queda de 17% nas exportações via arco norte no primeiro trimestre, em comparação ao mesmo período de 2024. Ainda assim, a previsão é de recuperação nos meses seguintes, à medida que a supersafra decolar e as condições climáticas se revertam.
Para garantir a eficiência do transporte de grãos, é essencial ampliar as rotas alternativas, especialmente por meio de rodovias e hidrovias, além de promover a concessão de projetos como a do Rio Paraguai, cuja expectativa é de lançamento do edital ainda neste semestre, segundo o Ministério de Portos e Aeroportos (MPor).
O setor alerta para a necessidade de acelerar os processos de outorga para potenciar o transporte hidroviário, sobretudo do rio Madeira, que movimenta cerca de 13,5 milhões de toneladas por ano, frente às atuais limitações de infraestrutura e dragagem. “A participação do arco norte no escoamento deve aumentar significativamente em 2025, mas depende de ações estratégicas na gestão hidroviária”, conclui Lopes.
Para mais detalhes, acesse a matéria completa no GLOBO.