O presidente Lula recebeu nesta segunda-feira (18), em Brasília, o presidente do Equador, Daniel Noboa, em uma visita oficial que visa aprofundar a cooperação entre os países sul-americanos. A agenda inclui temas como comércio regional, desenvolvimento sustentável, segurança e defesa, em um momento de fortalecimento dos laços após o tarifaço dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros e equatorianos.
Reforço na cooperação regional e ações ambientais
Segundo analistas, o encontro reforça o interesse do Brasil em ampliar os mercados e fortalecer alianças na América do Sul. Na agenda ambiental, o Equador, que integra a região da Pan-Amazônia, participa de estratégias do governo brasileiro voltadas à preservação e à sustentabilidade, especialmente na preparação para a COP30, que será realizada em Belém (PA), e na criação do Fundo Global para Florestas Tropicais. Além disso, a relação econômica com o Equador, que apresentou uma corrente de comércio de US$ 1,09 bilhão em 2024, busca ampliar as trocas comerciais.
Segurança e defesa em foco na relação bilateral
O fortalecimento na cooperação de segurança também foi destaque na visita. As autoridades discutiram o combate ao crime organizado e narcotráfico, que crescem na região Norte do Brasil e no país vizinho. Na área de defesa, Noboa tem planos de reinstaurar a possibilidade de sediar bases militares estrangeiras no Equador, revertendo a decisão do governo anterior. As discussões também abordaram a presença de bases militares dos EUA na região, com o Brasil buscando uma maior autonomia regional.
Perspectivas na política externa e impacto regional
De acordo com o pesquisador do Observatório Político Sul-Americano do Iesp-Uerj, Diogo Ives, a aproximação com um líder de direita como Noboa pode ser benéfica ao Brasil neste momento. “Na política doméstica, Lula busca mostrar abertura ao diálogo com governos de direita, deslegitimando acusações de alinhamento com regimes ideologicamente semelhantes”, explica. A iniciativa visa também fortalecer parcerias na área de segurança, defesa e desenvolvimento sustentável, buscando uma integração mais autônoma da região frente às ações das grandes potências, como os Estados Unidos.
Detalhes econômicos e comerciais
O comércio bilateral entre Brasil e Equador teve uma circulação de US$ 1,09 bilhão em 2024. Entre os principais produtos exportados pelo Brasil estão papel, veículos, trigo e calçados. As importações incluem resíduos de metais, pescados, crustáceos, alimentos processados e produtos de plástico. A visita também contou com um almoço no Palácio do Itamaraty, que reforça a importância dessa relação para o Brasil e seus vizinhos.
Fonte: O Globo