Brasil, 18 de agosto de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Expiração de patentes até 2030 impulsiona genéricos no Brasil

Até 2030, cerca de 1,5 mil patentes de medicamentos poderão gerar uma revolução nos preços e na oferta de genéricos e similares no Brasil

Até 2030, aproximadamente 1,5 mil patentes de princípios ativos e processos industriais relacionados a 1 mil medicamentos irão expirar no Brasil, permitindo a produção de genéricos e similares pelo menos 35% mais baratos. Essa mudança pode impactar positivamente o bolso do consumidor e o orçamento do Sistema Único de Saúde (SUS), que atualmente gasta R$ 20 bilhões ao ano com medicamentos.

Medicações para diversas doenças e novas apostas em genéricos

Os medicamentos a perder patente abrangem 186 doenças, incluindo câncer, diabetes, antibióticos, analgésicos e anti-inflamatórios. Alguns desses remédios são de alto custo, e a maior oferta de genéricos deve aumentar a competição, promovendo redução de preços e maior acessibilidade. Entre os produtos que deverão passar a ter versões genéricas, estão medicamentos utilizados para tratamento de câncer e diabetes, além de remédios de uso cotidiano.

Canetas de emagrecimento e o impacto da patente do Ozempic

Um caso que tem despertado atenção no setor é o das canetas de emagrecimento à base de semaglutida. O princípio ativo, utilizado em produtos como Ozempic e Wegovy, tem sua patente expirando em 20 de março de 2026. Com a possibilidade de entrada de genéricos, farmacêuticas brasileiras já se preparam para produzir versões similares, o que pode baratear fortemente os tratamentos.

A Novo Nordisk, fabricante do Ozempic, aguarda decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre uma extensão de patente no Brasil, após o pedido ser negado pelo INPI após 13 anos de análise. “A demora na análise prejudicou o direito pleno de exclusividade do laboratório”, afirmou a empresa. A decisão do STF de 2021 sobre a validade da patente é vista como uma mudança no cenário jurídico, que pode favorecer os fabricantes de genéricos.

Oportunidade para a indústria farmacêutica brasileira

Com o fim das patentes, a expectativa é que a produção de genéricos aumente em 20%, elevando o mercado que fatura atualmente R$ 20,4 bilhões por ano. As empresas já prevêem investimentos em medicamentos para doenças cardiovasculares e tratamentos inovadores à base de semaglutida, buscando ampliar sua participação no mercado.

Desafios e perspectivas do setor

O atraso na análise de pedidos de patentes é um problema de longa data no INPI, o que desencoraja inovações e prejudica o setor farmacêutico. A proposta de autonomia financeira do órgão, atualmente em tramitação no Senado, visa acelerar essa análise, facilitando o desenvolvimento local de medicamentos. Além disso, a maior entrada de genéricos deve ajudar a diminuir o gasto do SUS com medicamentos.

Segundo o presidente-executivo do FarmaBrasil, Reginaldo Arcuri, a liberação dessas patentes abrirá oportunidades para a produção de remédios estratégicos, alinhados às prioridades de saúde pública. Segundo ele, essa estratégia pode reduzir significativamente a dependência de importados e de medicamentos caros, promovendo maior autonomia do setor nacional.

Impacto econômico e saúde pública

O setor farmacêutico projeta crescimento anual de cerca de 10%, apoiado pelo aumento na produção de genéricos e na demanda por medicamentos. Em 2024, o mercado de genéricos já representou uma fatia de 85% dos itens do programa Farmácia Popular, que faturou R$ 20,4 bilhões — 13,5% a mais do que em 2023.

O avanço na produção de medicamentos similares também poderá gerar economia significativa para o SUS, especialmente em tratamentos de alto custo, como o do eculizumabe, usado na Hemoglobinúria Paroxística Noturna, que custa cerca de R$ 1 bilhão ao ano. Parcerias recentes, como a entre Bahiafarma e Bionovis, buscam obter economia na compra de medicamentos estratégicos.

Próximos passos e cuidados

A análise das patentes expirantes pelo INPI é uma questão central para o futuro do setor. A expectativa é que o órgão ganhe autonomia para reduzir o tempo de tramitação e promover maior segurança jurídica aos investimentos em inovação. Enquanto isso, as farmacêuticas se preparam para o momento da liberação, buscando ampliar seu portfólio de genéricos e biossimilares.

Para acompanhar as mudanças e estratégias, o setor de saúde acompanha de perto a decisão do STJ e o movimento do Ministério da Saúde na implementação de políticas que potencializem o uso de medicamentos genéricos para ampliar o acesso à saúde no Brasil.

Fonte: O Globo

tags: saúde, medicamentos, genéricos, patentes, setor farmacêutico

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes