O Departamento de Estado dos EUA está no centro de uma nova polêmica após a revelação de um cabo diplomático que indica a oferta de bônus em dinheiro para diplomatas que provarem lealdade ao secretário de Estado Marco Rubio. O documento, datado de 15 de agosto, convida os supervisores a nomearem diplomatas e pessoal de apoio para bônus em dinheiro no âmbito do programa de “Aumento de Serviço Meritório” (MSI).
A introdução do “prêmio por lealdade”
De acordo com o cabo vazado, a lealdade ao secretário de Estado é um dos critérios para receber esses bônus, colocando em xeque a integridade do processo de reconhecimento dentro do departamento. O manual oficial do MSI não menciona a “lealdade ao secretário”, o que levanta questões sobre a transparência e a ética dessa nova diretriz.
Um diplomata, que preferiu não se identificar, expressou seu descontentamento com a medida, chamando-a de “inédita”. “É uma nova maneira de recompensar a bajulação a Rubio e Trump”, disse o diplomata, sugerindo que a mudança institucionaliza a política de favorecimento ideológico.”
Critérios controversos e reações do corpo diplomático
O cabo também revela cinco critérios que as indicações para o MSI devem seguir, sendo que o primeiro deles claramente refere-se à lealdade ao secretário. Funcionários do Departamento de Estado se manifestaram contra essa tentativa de introduzir indicadores que favorecem a política de patrimonialismo.
Entre as recomendações do painel de seleção, constam sugestões para cuidarem da ortografia e gramática das nomeações, bem como a percepção de que algumas indicações exageram ao atribuir responsabilidades grandiosas a candidatos individuais. Um membro do painel afirma que, em anos anteriores, houve reclamações sobre nomeações que pareciam irreais em reconhecer os prêmios merecidamente.
O impacto nas políticas internas e a reação popular
Funcionários do departamento denunciam que essa nova abordagem é uma forma de patrulhamento político, em que a lealdade ao partido e à administração supercede as qualidades profissionais. “Mesmo os apoiadores do MAGA sentiram o impacto de como essa estratégia é mal feita”, comentou um diplomata. Essa mudança de prioridade nas nomeações para o MSI é vista como um golpe contra os princípios de diversidade, equidade, inclusão e acessibilidade que antes eram enfatizados.
As consequências dessa prática podem ser amplas, especialmente em um cenário político polarizado nos EUA, onde a ética e a responsabilidade governamental são frequentemente questionadas pelo público e pela imprensa. A vinculação das recompensas financeiramente a figuras políticas de destaque, como Rubio, sugere que a disciplina interna do departamento pode estar sendo corroída em favor de uma agenda política específica.
Reflexões sobre o estado atual da política externa
O fato de que um funcionário como Marco Rubio e paradigmas de apoio fechado à administração Trump sejam vistos como parte da “missão” configura um cenário de comunicação governamental que se alinha cada vez mais com a lealdade pessoal, em vez da competência profissional. O que se destaca, neste contexto, é o modo como essa política pode prejudicar a execução eficaz da diplomacia americana no cenário internacional.
Adicionalmente, um vídeo recente que ilustra a abordagem da polícia federal em relação a um cidadão também destaca as diretrizes da atual administração, onde ações são justificadas pela opinião de figuras políticas, como Donald Trump, em vez de baseadas em leis ou considerações éticas. “Não porque viola algum regulamento, mas porque Donald Trump não gosta disso”, chegou a dizer um dos agentes.
Esse clima de influência partidária dentro do Departamento de Estado não só afeta a moral dos funcionários, mas também a confiança pública nas instituições governamentais.
Por fim, à medida que os EUA enfrentam desafios globais complexos, a necessidade de um corpo diplomático coeso e profissional é mais importante do que nunca. As alterações nas práticas de recompensa, focando a lealdade ao líder político, podem não apenas deformar o entendimento da missão diplomática, mas também comprometem o respeitável papel dos EUA no mundo.
Leia o documento original na íntegra.