Brasil, 17 de agosto de 2025
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A pressão bolsonarista pelo impeachment de Moraes atrapalha candidaturas ao Senado

A pressão pelo impeachment do ministro Alexandre de Moraes cria dilemas para candidatos ao Senado em meio à corrida eleitoral de 2026.

A pressão exercida pelo bolsonarismo em favor do impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), está gerando embaraços para candidatos ao Senado que buscam o apoio do eleitorado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2026. Em estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso e Paraíba, pré-candidatos que antes evitavam se posicionar contra Moraes agora estão sendo cobrados a fazer declarações mais incisivas contra o STF. Por outro lado, senadores que desejam a reeleição, concorrendo com aliados de Bolsonaro, estão adotando números mais radicais em relação ao ministro.

A pressão no estado de São Paulo

Em São Paulo, a falta de disposição do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em fazer críticas ao STF já está gerando desdobramentos significativos na corrida pelo Senado. O secretário estadual de Segurança, Guilherme Derrite (PP), cotado para concorrer a uma das vagas, vem enfrentando pressões do bolsonarismo e é alvo de cobranças tanto de apoiadores quanto de adversários.

Um dos possíveis candidatos a senador, o deputado estadual Gil Diniz (PL-SP), tem criticado outros pré-candidatos que não se engajaram nas manifestações que ocorreram recentemente e cuja pauta incluiu apoio a Bolsonaro e ataques ao STF. Diniz e o deputado federal Marco Feliciano (PL-SP), que também é considerado como uma opção, participaram do ato na Avenida Paulista, enquanto Derrite e Tarcísio se mantiveram ausentes.

— A pauta do impeachment de Moraes é o item número um para o eleitor bolsonarista na corrida ao Senado. Estou sentindo falta da manifestação de alguns pré-candidatos. Se hoje eles silenciam, por que vão falar no assunto caso sejam eleitos? — argumenta Diniz.

Desafios em outras regiões

No Rio de Janeiro, o governador Cláudio Castro (PL) expressou a intenção de se lançar ao Senado, mas enfrenta desconfianças de aliados de Bolsonaro. Castro sempre teve uma postura moderada em relação à Corte, especialmente após o bloqueio de investigações no ano passado que o envolviam, sempre negando irregularidades. Além disso, ele depende do Supremo para questões fiscais do estado.

Após a licença do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que comandou uma ofensiva contra o STF nos Estados Unidos, Castro chegou a considerar nomear Eduardo como secretário estadual, mas acabou recuando devido a entraves burocráticos. Assessores próximos a Bolsonaro acreditam que essa manobra foi uma tentativa de agradar ao ex-presidente sem provocar o Judiciário.

Essa postura mais branda em relação ao STF não tem agradado a concorrentes como o atual senador Carlos Portinho (PL-RJ) e o deputado federal Sóstenes Cavalcante (RJ), que exigem uma atitude mais combativa contra Moraes. Para eles, sobre o governador pesa a dúvida se ele irá adotar uma postura firme caso seja eleito.

Visões divergentes em Mato Grosso e além

Outro governador que também considera se candidatar ao Senado em 2026, Mauro Mendes (União), criticou publicamente o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União-AP), por não pautar pedidos de impeachment contra Moraes, repercutindo a insatisfação dentro do próprio partido. Mendes, porém, evita criticar abertamente os ministros do Supremo e mantém diálogo com eles, mostrando-se cauteloso.

Na Paraíba, o senador Efraim Filho (União) anunciou sua assinatura no pedido de impeachment de Moraes, diante da pressão de aliados do PL. Essa atitude destaca o crescente apoio ao impeachment entre políticos que buscam agradar ao eleitorado alinhado a Bolsonaro.

Enquanto isso, no Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite (PSD) tomou uma posição contrária ao impeachment de Moraes, mas defende limitações para decisões monocráticas de ministros, algo que caiu nas graças do bolsonarismo.

Impacto nas candidaturas ao Senado

A pressão por posições mais radicalizadas está afetando não apenas a imagem dos pré-candidatos, mas também moldando a estratégia eleitoral de quem deseja conquistar uma vaga no Senado. Nos estados onde Bolsonaro teve forte desempenho nas eleições recentes, muitos senadores estão se posicionando a favor do impeachment para minimizar a concorrência bolsonarista.

Em Santa Catarina, por exemplo, o senador Esperidião Amin (PP) passou a defender a “autocontenção do Judiciário” e uma eventual abertura de processo de impeachment, possivelmente temendo a concorrência não apenas das deputadas do PL, mas também da possibilidade de oposição por parte de aliados de Bolsonaro que possam migrar para o estado.

Essas tensões e desdobramentos estão moldando um ambiente eleitoral complexo e turbulento, onde as questões de apoio e oposição ao STF se tornam determinantes para as candidaturas ao Senado, refletindo a contínua polarização da política brasileira. A dinâmica em cada estado mostra o peso que as alianças e as posturas têm no contexto eleitoral, à medida que 2026 se aproxima.

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