Pertencer a uma cidade, um bairro, uma casa, é mais que morar. É vivenciar tudo que o local oferece e contribuir para que ele seja sempre convidativo e agradável, garantindo o bem-estar de todos. Com a inspiração no poeta Torquato Neto que pergunta: “É uma cidade que habita os homens ou são eles que moram nela?”, surge uma iniciativa que visa devolver ao Centro de Teresina a habitação, o pertencimento e a permanência de pessoas.
A crise habitacional no Centro de Teresina
Nos últimos dez anos, o Centro da capital piauiense perdeu 23 mil moradores. Mesmo com infraestrutura consolidada, o acesso a serviços essenciais como educação, saúde, cultura e transporte, a população tem buscado habitações em regiões mais afastadas em busca de menor custo. Esse deslocamento levou a um crescimento do comércio em áreas com melhores infraestrutura, intensificado, ainda, pela pandemia de Covid-19, que deixou o Centro em um estado de abandono. De acordo com a Secretaria Estadual da Administração (Sead), os imóveis desocupados crescem, em média, 5% a cada seis meses. Diante desse cenário, é necessária uma estratégia eficaz para reverter esse quadro.
Revitalização através do repovoamento
Um dos caminhos para essa revitalização é o repovoamento. A Sead identificou imóveis públicos sem função na região e planeja, através do programa Minha Casa, Minha Vida, utilizar um deles para criar o primeiro empreendimento habitacional de interesse social no Centro. A escolha recaiu sobre o prédio que abrigou o Instituto de Identificação, localizado em frente à Praça Saraiva.
Samuel Nascimento, secretário da Administração, explica: “Estamos conduzindo uma estratégia inteligente para que o Centro de Teresina volte a ser um espaço vivo, com circulação de pessoas, serviços e oportunidades. Nosso trabalho é dar uso adequado aos imóveis públicos, tornando o que está em desuso em locais que gerem impacto positivo, seja em cidadania, inovação, educação ou moradia. O projeto habitacional em frente à Praça Saraiva é um exemplo disso. Ele simboliza a integração entre habitação social e revitalização urbana, contribuindo para um Centro mais dinâmico, inclusivo e sustentável”.
Os moradores que permanecem na região veem essa iniciativa com bons olhos. Henriqueta Castelo Branco, design de interiores que vive no Centro, ressalta: “A iniciativa de retomada das moradias é uma ótima maneira de reverter esse estado de abandono. Não estou falando aqui em retrocesso, mas em preservar a identidade cultural e arquitetônica da nossa comunidade. A retomada das moradias é uma das melhores estratégias para que a gente mantenha viva nossa história e memória”.
Função social para imóveis públicos
Além das moradias, a Sead também está estudando dar uma função social a um conjunto de 75 imóveis públicos na região, seja por cessão ou reocupação. Um exemplo é o Espaço da Cidadania Digital, que funciona em um prédio antes vazio na rua Clodoaldo Freitas, promovendo integração entre governo, universidades e startups, focando em inovação e modernização da gestão pública.
O antigo prédio do Fórum Central I, também está sendo reformado para sediar a nova vice-governadoria do Estado, enquanto o imóvel da antiga sede da Emater foi cedido ao Instituto Federal do Piauí (IFPI) para uso educacional e social.
Essas ações buscam não apenas atrair novos moradores, mas também revitalizar o Centro, trazendo de volta a vida e as oportunidades que a região uma vez ofereceu. É um passo importante para o fortalecimento da identidade da cidade e para assegurar que seu desenvolvimento beneficie a todos.
As iniciativas visam resgatar a história e a cultura do Centro de Teresina, reestruturando o espaço urbano de modo que promova o bem-estar da comunidade e preserve sua memória coletiva. O projeto habitacional em frente à Praça Saraiva é um forte sinal de que o governo está atento às necessidades da população e busca criar um ambiente propício à convivência e ao desenvolvimento.
A revitalização do Centro de Teresina é um desafio, mas com a implementação de novas moradias e a reocupação dos espaços públicos, a expectativa é que a cidade recupere sua vitalidade e pluralidade, tornando-se novamente um lugar de encontro e pertencimento para todos os seus habitantes.