Ao acompanhar a estreia de “Chief of War” na Apple TV+ neste mês, muitas pessoas se emocionaram com a forma autêntica de retratar a história hawaiiana, especialmente pelo uso do ʻōlelo Hawaiʻi (língua havaiana) no roteiro. A escolha de iniciar a narrativa na língua que os personagens realmente falaram há séculos foi vista como um ato de resistência cultural e uma celebração da identidade insular.
Polêmica sobre o uso do ʻōlelo Hawaiʻi na série
Apesar do entusiasmo de muitos, a produção também enfrentou críticas nas redes sociais. Usuários reclamaram do fato de o programa não estar totalmente em inglês, com comentários como: “Quem faz uma série para o público americano e coloca tudo em uma língua estrangeira? Se quero ler, assisto a um filme.”, ou seja, questionando o uso de legendas.
Entretanto, várias vozes de Kānaka Maoli (pessoas nativas havaianas) contra-atacaram essa postura. Lily Hiʻilani Okimura, professora substituta e criadora de conteúdo, publicou vídeos no TikTok defendendo a relevância do ʻōlelo Hawaiʻi na narrativa. “Não trata apenas como um detalhe de fundo; é uma parte fundamental da história”, ela explicou.
Importância cultural e linguística do ʻōlelo Hawaiʻi
Lily, que começou a aprender Hawaiʻi em 2020 durante sua pós-graduação em Teatro Havaiano, reforça que a língua ancestral é uma ponte para compreender a cultura e a visão de mundo dos seus antepassados. “Hawaiʻi é uma língua real, uma língua polinésia da família austronésia, que foi falada por gerações antes do colonialismo. Durante muitos anos, fomos obrigados a falar apenas inglês, e agora estamos reconstituindo essa identidade.”
Ela também lamenta que a resistência à dublagem na língua nativa perpetue o apagamento cultural. “As pessoas precisam entender que temos o direito de ver e ouvir nossas histórias na nossa língua”, afirma.
Reação às críticas e o impacto da série
Segundo Lily, os reclamantes são “extremamente sem cultura e precisam se informar mais”. Ela aponta que há legendas em inglês na produção e cita exemplos de outras produções internacionais que usam idiomas diversos, como anime, “Star Trek” com Klingon e o premiado “Parasite”.
“Nosso planeta é povoado por inúmeras culturas e línguas. Retirar a língua hawaiiana do diálogo empobrece a narrativa. É uma escolha consciente de preservação e resistência contra o colonialismo.”
Perspectivas futuras para a cultura hawaiiana na mídia
Para Lily, “Chief of War” pode abrir portas para mais produções em ʻōlelo Hawaiʻi, focadas na história e mitologia da ilha, além de fortalecer a indústria audiovisual local. “Queremos mais narrativas autênticas, com novos atores e perspectivas, criando uma indústria havaiana de verdade”, ela projeta.
“O ʻōlelo Hawaiʻi vive! A esperança é que essa série ajude a revitalizar nossa língua e cultura entre as novas gerações.”
Para conhecer mais sobre a cultura kanaka maoli e questões relacionadas, siga Lily nas redes sociais e assista a “Chief of War” no Apple TV+ aqui.