Brasil, 15 de agosto de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Governo Trump avalia adquirir participação na Intel usando recursos da Lei dos Chips

Administração Trump discute usar fundos da Chips Act para fortalecer a produção doméstica de semicondutores e ajudar a Intel.

Segundo fontes familiarizadas com as discussões, o governo dos Estados Unidos está considerando utilizar recursos da Lei dos Chips (Chips Act) para adquirir uma participação acionária na Intel. Essa iniciativa faz parte de esforços para revitalizar a fabricante de chips em dificuldades e ampliar a produção doméstica de semicondutores, essenciais para a segurança nacional e a economia do país.

Discussões iniciais sobre participação do governo na Intel

As conversas do governo se concentram na possibilidade de usar o financiamento da Chips Act para, ao menos parcialmente, investir na Intel, embora as negociações ainda estejam em estágio inicial e outras alternativas não tenham sido descartadas. Ainda não está claro se a eventual abordagem envolveria a conversão de subsídios já concedidos à empresa em participação acionária ou a utilização de novos recursos de um fundo mais amplo.

Reação do mercado e impacto nas ações da Intel

As notícias sobre uma possível participação do governo na Intel provocaram aumento expressivo nas ações da companhia, que subiram até 15% nos últimos dois dias, marcando uma das melhores semanas de alta em décadas. A valorização reflete a expectativa de fortalecimento financeiro para a fabricante, que vem cortando gastos e reduzindo seu quadro de funcionários devido às dificuldades recentes.

Recursos já disponíveis e desafios atuais

A Intel já é uma grande beneficiária da Lei dos Chips, tendo recebido US$ 7,9 bilhões em subsídios para fabricação de semicondutores e até US$ 3 bilhões para o programa de Enclave Seguro do Pentágono. Além disso, possui acesso a um fundo de até US$ 11 bilhões em empréstimos previstos na legislação de 2022.

Apesar do apoio financeiro, a empresa enfrenta obstáculos com seu polo fabril em Ohio, cuja construção foi adiada para a década de 2030 devido a dificuldades financeiras. O CEO, Lip-Bu Tan, que esteve com Donald Trump nesta semana, continuará no cargo, mesmo com críticas anteriores do ex-presidente, segundo fontes.

Perspectivas de financiamento e políticas públicas

Analistas avaliam que o projeto de Ohio exige mais do que injeções de capital, sendo necessário atrair clientes externos interessados em fabricar chips na fábrica, o que ainda não ocorreu em quantidade suficiente. Jay Goldberg, da Seaport Research Partners, estima que cerca de US$ 20 bilhões seriam necessários para levar a tecnologia de ponta da Intel ao próximo nível.

O movimento do governo se insere em uma estratégia mais ampla de fortalecer setores considerados essenciais para a segurança nacional e competir com a China, conforme indicam as recentes ações de Washington. A administração Trump busca acelerar o uso dos recursos da Chips Act em áreas críticas, juntando esforços públicos e privados.

Contexto político e influência regional

Ohio tem peso político relevante, sendo um estado vencido por Trump em todas as eleições presidenciais anteriores e palco de disputas acirradas para o control do Senado estadual. As negociações ocorrem pouco após o ex-senador democrata Sherrod Brown anunciar a tentativa de reeleição, enquanto os republicanos reforçam sua presença na região.

Se concretizado, o acordo de participação na Intel representaria um padrão crescente de intervenção do governo na economia, incluindo investimentos em ações, empréstimos e parcerias com o setor privado. Essas ações reforçam o esforço de Washington para estabelecer “campeões nacionais” em setores estratégicos, especialmente em resposta às pressões econômicas da China.

Por ora, as autoridades da Casa Branca, do Departamento de Comércio e da própria Intel não comentaram as negociações, mantendo o caráter preliminar do movimento. A Intel, por sua parte, reafirmou seu compromisso em apoiar os esforços do governo para fortalecer a liderança dos EUA na tecnologia.

Para análise, esses esforços indicam uma mudança na política industrial americana, com maior intervenção estatal para garantir vantagem tecnológica e segurança estratégica, alinhados às tensões globais e à competição com a China.

Fonte: O Globo

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes