Nesta sexta-feira (15), a Secretaria das Mulheres do Piauí (SEMPI) deu início ao I Seminário Estadual dos Povos e Comunidades de Matriz Africana e de Terreiro, que reúne lideranças, pesquisadores e representantes de todo o Brasil. O evento ocorre no Diferencial Buffet, em Teresina, e se estende até este sábado (16). Com o tema “A preservação cultural e religiosa dos povos de terreiros no Estado do Piauí na construção da Política Estadual dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana e de Terreiro”, o seminário proporciona um espaço de escuta e construção coletiva entre as lideranças religiosas e membros das comunidades tradicionais.
Construção de políticas públicas voltadas para o povo de terreiro
O evento busca contribuir para a formulação da Política Estadual de Desenvolvimento Sustentável das Comunidades Tradicionais de Terreiro, recriando um diálogo necessário para a valorização e respeito às tradições afro-brasileiras. Entre os participantes da cerimônia de abertura estavam a secretária das Mulheres, Zenaide Lustosa, e diversas figuras proeminentes da comunidade, como a yá-lorixá Joelfa de Sàngó e a mãe de santo Gardene de Oxóssi, ambas atuantes nas políticas públicas direcionadas às mulheres do estado.

Assunção Aguiar, superintendente de Igualdade Racial e Povos Originários do Piauí, enfatizou a importância do seminário como um marco na construção de políticas voltadas para as comunidades de terreiro. “O objetivo é ouvir as comunidades e, a partir dessa escuta, construir um plano de políticas públicas que atenda a essa população. Estamos aqui para discutir melhorias na qualidade de vida, abordando temas essenciais como segurança pública, segurança alimentar, educação e saúde”, explicou.
O papel das comunidades tradicionais
Joelfa Farias, que também é representante do Mulheres de Axé do Brasil – Núcleo Piauí, destacou a relevância do seminário nesse contexto. “Os terreiros são espaços de cura comunitária e de saberes ancestrais. Porém, enfrentamos diariamente o racismo religioso e a carência de políticas públicas adequadas. É crucial que neste seminário debate-se a importância da preservação de nossos saberes e tradições, além de reivindicarmos os direitos que nos são devidos”, afirmou.

A mãe de santo Gardene de Oxóssi também refrendou a importância do evento para o fortalecimento dos espaços sagrados e das comunidades afro-brasileiras. “Estamos buscando garantir a sustentabilidade dos nossos terreiros e a autonomia financeira das mulheres que lideram essas comunidades, através de editais e iniciativas que promovam o empoderamento feminino dentro de nossos territórios,” destacou Gardene, reforçando a necessidade de apoio e estrutura para as atividades religiosas e culturais.

O evento é um passo importante para o fortalecimento das vozes das comunidades tradicionais no Piauí, contribuindo para a construção de um futuro mais justo e igualitário, onde as práticas culturais e religiosas sejam valorizadas e respeitadas. Com a presença de importantes lideranças e a discussão de temas cruciais, o seminário se afirma como um espaço de luta e de esperança.

Ao final do seminário, espera-se que novas políticas e iniciativas possam surgir, promovendo a inclusão e a valorização das práticas das comunidades de matriz africana e de terreiro, em um verdadeiro reconhecimento da diversidade cultural do Piauí e do Brasil.