A Diocese Católica de San Diego, na Califórnia, e parceiros interreligiosos iniciaram o programa Faithful Accompaniment in Trust & Hope (FAITH), que oferece apoio espiritual e presença a migrantes e solicitantes de asylum durante suas audiências de imigração na região sul da Califórnia.
Suporte espiritual em audiências de imigração na Califórnia
O lançamento ocorreu em 4 de agosto, em meio à crescente quantidade de deportações no estado e no país, em resposta à intensificação da política de imigração sob o governo de Donald Trump. Segundo o padre jesuíta Scott Santarosa, responsável pelo programa, muitos migrantes enfrentam um sistema hostil ao entrarem na sala de audiência.
“Eles entram em um ambiente que parece contra eles”, afirmou Santarosa à CNA. O projeto envolve voluntários de diversas fiés, incluindo católicos, muçulmanos, protestantes e outros, para acompanhar essas pessoas antes, durante e após suas audiências.
Voluntariado multirreligioso para apoiar migrantes
Até 14 de agosto, cerca de 100 voluntários de sete grupos religiosos diferentes haviam se inscrito para atuar no programa, entre eles membros das Paróquias Nossa Senhora de Guadalupe em Barrio Logan e lideranças de várias denominações.
Os voluntários podem registrar migrantes para que eles recebam acompanhamento na sala de audiências e, se desejarem, possam se reunir com o apoio antes ou depois do procedimento para oração ou uma conversa. Santarosa destacou que, ao solicitar com antecedência, os voluntários podem até mesmo conseguir assistir às audiências no tribunal, o que reforça sua presença de apoio.
Presença de apoio durante audiências abertas ao público
Na fase atual, a maioria dos voluntários acompanha os migrantes em grupos durante audiências públicas, permanecendo em alguns corredores pois há risco de detenções por parte da Imigração e Alfândega (ICE). Diversas figuras religiosas notáveis, incluindo o bispo Michael Pham e bispos auxiliares da diocese, participaram das ações de acompanhamento.
Desde o início do programa, muitos voluntários falam espanhol, e há também quem fale vietnamita, árabe e outros idiomas, atendendo às necessidades linguísticas dos migrantes. Santarosa relatou que, em uma ocasião, um imã conversou com um migrante em seu idioma nativo durante uma audiência, oferecendo conforto ao solicitante.
Motivação religiosa e resposta da comunidade
A iniciativa foi inspirada pela celebração do Dia Internacional do Refugiado, em junho, quando a diocese promoveu uma missa e uma ação de apoio na corte. Santarosa afirmou que a motivação central é colocar a fé em ação, fundamentando-se no Evangelho de Mateus, capítulo 25, que enfatiza a importância de acolher o próximo.
“Jesus nos diz que tudo que fazemos pelos mais vulneráveis — como alimentá-los, dar-lhes água ou acolhê-los como estrangeiros — fazemos por Ele”, explicou Santarosa. Além disso, ele destacou que dois paroquianos já foram deportados nos últimos seis meses e que a experiência de acompanhar pessoas nos tribunais é uma forma prática de seguir esse mandamento.
Expansão e impacto do programa
Santarosa incentiva outras dioceses a adotarem ações similares, reforçando que o apoio espiritual durante o processo de imigração é uma forma concreta de agir conforme os ensinamentos cristãos. O projeto ainda busca ampliar o número de voluntários fluentes em idiomas como crioulo haitiano e mandarim, buscando maior diversidade e alcance.
O padre também mencionou que essa presença de apoio, mesmo que de maneira não oficial, tem sido fundamental para os migrantes, muitos dos quais sentem-se acolhidos sob uma perspectiva religiosa e comunitária. Saiba mais em fonte original.
