O Brasil se prepara para um dos julgamentos mais aguardados da sua história recente: o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras sete pessoas estão prestes a enfrentar o tribunal por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. O presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Cristiano Zaninn, agendou a primeira sessão do julgamento para o dia 2 de setembro. Esse processo irá durar cinco dias, com sessões programadas para as datas subsequentes.
Agenda do julgamento
As sessões do julgamento estão marcadas para os seguintes dias e horários:
- 2 de setembro: 9h
- 2 de setembro: 14h
- 3 de setembro: 9h
- 9 de setembro: 9h
- 9 de setembro: 14h
- 10 de setembro: 9h
- 12 de setembro: 9h
- 12 de setembro: 14h
Como será o rito do julgamento
Assim que o julgamento é iniciado, ele segue um rito bem definido. Primeiramente, o relator faz a leitura do relatório, que já foi preparado durante a etapa de alegações finais. Na sequência, se houver, testemunhas são convocadas a depor. O processo se concentra em diversas acusações graves, destacadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que incluem crimes como organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, entre outros.
Acusação e defesa
Em julho, a PGR apresentou suas alegações finais, enfatizando o que considera um “núcleo crucial” da trama golpista, que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro. A acusação pede a condenação de todos os réus por cinco crimes. Em contraponto, a defesa de Bolsonaro e dos demais acusados nega as acusações e busca a absolvição, argumentando que não há provas suficientes que os incriminate. A defesa do tenente-coronel Mauro Cid, por exemplo, pediu que ele fosse inocentado, e, caso ocorra condenação, que a pena não exceda dois anos.
Argumentos da Procuradoria
A Procuradoria alega que Jair Bolsonaro foi o principal articulador dos atos que ameaçaram o Estado Democrático de Direito. De acordo com o parecer, o ex-mandatário teria agido de forma sistemática para incitar a insurreição e desestabilização da democracia, tanto durante seu mandato quanto após a derrota nas eleições.
Processo de decisão e resultados
Após a apresentação das alegações, a acusação e as defesas terão um tempo limitado para expor seus argumentos, geralmente não mais que uma hora. Na sequência, o relator do caso apresentará seu voto, seguido de um debate entre os ministros da Primeira Turma do STF. Os votos seguem uma ordem pré-estabelecida: Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e, por último, Cristiano Zanin, que é o presidente do colegiado.
Para que haja uma condenação ou absolvição, é necessária uma maioria de votos, sendo três votos em um mesmo sentido suficientes para definir o resultado. Em ambos os casos (absolvição ou condenação), é possível que haja recursos apresentados dentro do próprio STF, o que pode extendender o processo por mais tempo ainda.
O contexto político e social
Esse julgamento não ocorre em um vácuo político. O Brasil vem enfrentando um clima tenso, polarizado e com a memória fresca dos eventos de 2022, onde bolsonaristas promoveram uma série de protestos que questionaram a legitimidade das eleições. O resultado desse julgamento pode ter repercussões significativas não apenas para os acusados, mas também para a democracia brasileira e o futuro político do país.
À medida que os dias se aproximam, a sociedade civil e as instituições observam atentamente os desdobramentos desse caso emblemático. O que está em jogo não é apenas a responsabilidade criminal de alguns indivíduos, mas a integridade democrática e o futuro do Estado de Direito no Brasil.