Nesta quinta-feira, a estratégia do governo Trump ganhou contornos mais claros, com divulgações de negociações para aquisição de participação na Intel, sinalizando um avanço na intervenção estatal na indústria de tecnologia. Segundo informações da agência Bloomberg, Washington estaria negociando a compra de uma fatia acionária na fabricante de chips, em mais uma demonstração de como a administração busca ampliar seu controle sobre setores considerados estratégicos.
Governo americano avalia adquirir participação na Intel
De acordo com fontes, o governo americano está negociando a aquisição de participação na Intel, uma das maiores empresas de semicondutores do mundo. A notícia da potencial sociedade fez as ações da companhia dispararem na Bolsa de Nova York, com alta de até 8,9% na quinta-feira, fechando com avanço de 7,4%. Segundo a Bloomberg, a decisão estaria relacionada à necessidade de acelerar a construção de uma fábrica em Ohio, cuja timeline vem sendo prejudicada por atrasos.
Intervenção direta na indústria de chips e terras raras
Além da Intel, o governo dos EUA vem reforçando sua presença em setores críticos, como o de terras raras. No mês passado, o Departamento de Defesa anunciou que assumirá uma participação preferencial de US$ 400 milhões na produtora de terras raras MP Materials, tornando-se o maior acionista da companhia. Esse movimento surpreendeu analistas e investidores, refletindo uma mudança na postura do governo, que adotou uma política industrial mais ativa e direta.
Movimentos anteriores e negociações com empresas multinacionais
Durante o mês, Washington também negociou com Nvidia e AMD, duas gigantes de tecnologia, que teriam concordado em destinar 15% de suas receitas de vendas de chips na China ao governo dos EUA, como revelado pelo Financial Times. Essas ações reforçam a estratégia de transformar empresas privadas em instrumentos de política industrial e de segurança nacional.
Contexto e impacto na relação bilateral
Segundo analistas, a postura intervencionista de Washington visa fortalecer as indústrias domésticas frente à China, principal rival econômico. A aquisição de participação na US Steel, realizada no início deste ano, também exemplifica essa política, que busca reforçar a liderança americana em setores industriais essenciais, como a siderurgia e tecnologia.
Questionada sobre as negociações com a Intel, a empresa se recusou a comentar, afirmando que está “profundamente comprometida em apoiar os esforços do presidente Trump para fortalecer a liderança dos EUA em tecnologia e manufatura”. Afirmaram ainda que aguardam uma decisão oficial.
Perspectivas futuras para a política industrial dos EUA
Especialistas avaliam que essa atuação mais direta do governo é uma mudança no rumo da política industrial americana, que passa a investir de forma mais agressiva na proteção e no fortalecimento de setores considerados estratégicos. Como destacou Geoffrey Gertz, do Center for a New American Security, “esse parece ser o caminho atual da política industrial dos EUA nesses setores críticos”.
Em meio a esse cenário de maior intervenção, a relação bilateral entre EUA e China permanece tensa, com tarifas, restrições comerciais e disputas tecnológicas influenciando o rumo dessas estratégias. A expectativa é que esses movimentos impliquem uma reconfiguração do protagonismo dos Estados Unidos na economia global.