Brasil, 15 de agosto de 2025
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Defesa de Bolsonaro articula estratégia para redução de penas no STF

A defesa do ex-presidente busca argumentos para minimizar as penas em julgamento no STF, enquanto a trama golpista continua em evidência.

No contexto jurídico atual, os réus da chamada “trama golpista” liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro estão se mobilizando em uma intensa estratégia para tentar reduzir suas penas no Supremo Tribunal Federal (STF). A defesa de Bolsonaro e dos demais réus, incluindo o general Walter Braga Netto, está elaborando argumentos para convencer a Primeira Turma do STF a considerar atenuantes durante o julgamento, previsto para setembro. Essa abordagem envolve minúcias legais e interpretações de crimes que poderão influenciar os resultados do caso.

A busca por absolvição e penas menores

As defesas insistem na absolvição de seus clientes e questionam a credibilidade da delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid. As alegações finais dos réus somam 1,1 mil páginas, nas quais buscam rejeitar a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e contestar o acordo de colaboração. No pior cenário, pedem penas menores que não levem em conta os cinco crimes pelos quais estão sendo investigados.

Um recorte importante da defesa é garantir que o crime de golpe de Estado seja absorvido pela abolição violenta do Estado democrático de direito. Tal entendimento foi apresentado pelo ministro André Mendonça em ocasiões anteriores. Contudo, é importante ressaltar que Mendonça não integra a Primeira Turma que está analisando o caso, o que pode complicar essa estratégia.

Entendimentos jurídicos e seus impactos

O ex-presidente e outros sete réus enfrentam acusações graves, incluindo tentativa de golpe de Estado e organização criminosa armada, com penas que podem somar até 43 anos de prisão. A argumentação de que a abolição violenta do Estado democrático de direito absorveria o crime de golpe de Estado é uma tentativa de driblar punições mais severas. Ao abordar essa perspectiva, a defesa demonstra um profundo entendimento das nuances legais que podem impactar a condenação.

A tática da “participação de menor importância”

Outros réus, como o general Augusto Heleno, estão adotando estratégias de defesa semelhantes, buscando reduções de pena a partir da alegação de “participação de menor importância”. Essa linha de defesa argumenta que seu cliente não estava profundamente envolvido nas discussões que levaram aos crimes investigados, o que reforça a tentativa coletiva de minimizar as consequências jurídicas de suas ações.

A importância dessa abordagem é clara: ao evidenciar que certos réus não participaram ativamente das discussões que culminaram na tentativa de golpe, as defesas buscam construir um caminho que leve a uma eventual absolvição ou a penas significativamente mais leves.

Disso também decorrem novas teses de defesa

A defesa de Bolsonaro não se limita a uma única abordagem. Além da argumentação sobre a absorção de crimes, busca enfatizar que muitos dos atos relacionados ao golpe discutidos após a derrota eleitoral em 2022 se configurariam como meros “atos preparatórios”. Essa teoria sugere que tais ações, sem a presença de violência ou ameaças, seriam impuníveis conforme a legislação brasileira.

Desistência voluntária como alternativa

Outro recurso que a defesa pode usar é a teoria da desistência voluntária, que estipula que um investigado que interrompe a execução de um crime é responsabilizado apenas pelos atos já praticados até aquele momento. Caso o STF interprete os encontros de Bolsonaro com seus comandantes como crime consumado, a defesa pode alegar que Bolsonaro desistiu de prosseguir com o plano golpista.

Esse complexo cenário jurídico retrata a profundidade da batalha judicial que está se desenrolando no STF. Enquanto a defesa busca cada vez mais alternativas para mitigar as penas, a sociedade acompanha atentamente as audiências, consciente de que as repercussões desse julgamento vão além da esfera legal, impactando diretamente a política e a confiança nas instituições do país.

Enquanto isso, as repercussões nas Forças Armadas também são relevantes. O general que se encontra no centro do debate, Walter Braga Netto, busca apoio e alívio em suas acusações, navegando por um ambiente político e jurídico turbulento.

Considerações finais sobre o julgamento

O julgamento deverá ser uma prova de fogo não apenas para Bolsonaro, mas para todo um sistema político e jurídico que se vê contestado por um momento de crise institucional. A estratégia de defesa mostra um conhecimento apurado dos meandros da lei, mas também expõe as fragilidades de um governo que, mesmo após a saída de Bolsonaro, ainda enfrenta as consequências de seus atos. O desfecho deste caso será definitivo na forma como a justiça é percebida e aplicada no Brasil.

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