O governo brasileiro está tentando estabelecer negociações com os Estados Unidos para reduzir o impacto do tarifão imposto pelo presidente Donald Trump, embora reconheça que a crise entre os dois países tende a se agravar ainda mais. Segundo fontes próximas às conversas, é necessário se preparar para uma prolongada tensão bilateral.
Relações deterioradas e ações do governo americano
Donald Trump afirmou que o Brasil tem sido um “parceiro comercial horrível” dos Estados Unidos, em comentários considerados desrespeitosos pelo governo brasileiro. Além disso, o Departamento de Estado dos EUA reforçou críticas ao Judiciário brasileiro e a funcionários do governo Lula, ampliando o clima de confronto.
De acordo com fontes do Itamaraty, os contatos feitos até agora envolvem representantes com influência limitada na administração Trump. O presidente americano indicou que não deseja manter diálogo com Brasília enquanto o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) não for arquivado, como condição para negociações sobre a isenção de tarifas para produtos brasileiros, como carnes, café, calçados e pescados.
Medidas de resposta do Brasil
O Brasil tem recorrido à Organização Mundial do Comércio (OMC) como uma das principais frentes de defesa contra o tarifão, embora o órgão esteja debilitado e possa levar anos para emitir uma decisão definitiva. Além disso, o governo lançou ações para mitigar os efeitos das tarifas, incluindo linhas de crédito mais acessíveis, prorrogação de tributos e a substituição de produtos que deixam de ser vendidos nos EUA.
Perspectivas de continuidade do conflito
Na próxima segunda-feira, o governo enviará um relatório com justificativas relacionadas à política comercial do país, abordando temas como combate à corrupção, desmatamento, patentes e o funcionamento do sistema de pagamento Pix. A intenção é esclarecer dúvidas levantadas pelo Escritório de Comércio dos EUA (USTR), que pode adotar novas sanções se considerar insuficientes as explicações brasileiras.
Outros atores e possíveis estratégias futuras
No cenário político interno, o ex-presidente Bolsonaro permanece em prisão domiciliar enquanto responde por tentativa de golpe de Estado, com julgamento previsto para o próximo mês. Paralelamente, ministros do STF têm restrições de entrada nos EUA; Alexandre de Moraes, por exemplo, teve seu visto suspenso e enfrenta sanções econômicas, como bloqueio de bens em operações financeiras com empresas americanas.
O governo brasileiro também busca ampliar suas alternativas comerciais, explorando novos mercados de exportação, pressionando empresas americanas que dependem de produtos brasileiros e dialogando com parlamentares dos EUA. Uma estratégia de longo prazo inclui fornecer ao governo americano maiores esclarecimentos sobre práticas comerciais do Brasil, em uma tentativa de evitar sanções adicionais nas próximas fases do conflito.
Futuro e possibilidades de resolução
Segundo analistas, o desfecho da crise pode levar até dois anos para se consolidar, dependendo da continuidade do esforço diplomático brasileiro e da disposição do governo americano de reconsiderar suas ações. O Brasil seguirá na frente diplomática e judicial enquanto busca alternativas para minimizar os prejuízos econômicos, tentando evitar uma escalada maior na disputa tarifária.