A montadora chinesa Great Wall Motor (GWM) anunciou nesta sexta-feira, a entrada oficial na produção de veículos elétrificados no Brasil, na antiga fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis, interior de São Paulo. Com um investimento total de R$ 10 bilhões até 2032, a iniciativa marca uma expansão significativa da presença chinesa no setor de veículos elétricos do país.
Investimentos e produção local de veículos elétricos
Na primeira etapa, a GWM investirá R$ 4 bilhões até 2026, dos quais metade já foi desembolsada desde 2021, incluindo a contratação de 700 funcionários e a abertura da nova fábrica. Nos próximos anos, mais R$ 6 bilhões serão aplicados em pesquisa, desenvolvimento e na criação de um centro de engenharia, além de novos produtos.
Durante cerimônia de inauguração, o presidente Lula destacou a aposta do Brasil na eletrificação e na diversificação de mercados. “Nosso país vai buscar outros mercados e não ficar chorando pelo ‘tarifaço'”, afirmou o presidente, reforçando a estratégia de ampliar exportações e desenvolvimento interno.
Modelos e estratégias de produção
Os primeiros veículos a sair da linha de produção serão o SUV Haval H6, com versões híbridas e plug-in, além do Haval H9 e da picape Poer, ambas com motor 2.4 turbodiesel. A GWM utilizará peças importadas da China, em uma estratégia semelhante à da também chinesa BYD, que montará veículos por aqui com kits importados e peças nacionais.
A produção local na fábrica de Iracemápolis visa também beneficiar consumidores, com a expectativa de redução de preços e maior oferta de veículos elétricos no mercado brasileiro, atualmente em crescimento. Segundo Ricardo Bastos, diretor de Relações Institucionais e Governamentais da GWM Brasil, o programa Mover, do governo federal, tem sido fundamental para esses investimentos, pois oferece benefícios fiscais e incentivos para tecnologias sustentáveis.
Concorrência e mercado de veículos elétricos no Brasil
O Brasil, sexto maior mercado de veículos do mundo, já apresenta crescimento na venda de automóveis eletrificados. Em julho, foram comercializadas 23.509 unidades, aumento de 56,3% em relação ao mesmo mês do ano anterior, conforme dados da Bright Consulting. A expectativa é de que a concorrência entre marcas chinesas, como BYD, GAC, Omoda, Geely e JAC, beneficie o consumidor por meio de descontos e progressiva redução de preços.
Apesar do fortalecimento das montadoras locais, o cenário de infraestrutura ainda exige avanços. Atualmente, a rede de carregamento é insuficiente, especialmente no interior do país. No entanto, o aumento na oferta de modelos e a produção local já refletem uma estratégia clara de crescimento do setor elétrico brasileiro.
Perspectivas futuras para o mercado de veículos elétricos
O governo tem promovido incentivos através de programas como o Mover e medidas estaduais, como IPVA zero em alguns estados, para estimular a eletrificação. Além disso, a expectativa é que a produção aumente e os preços se tornem mais acessíveis, impulsionando uma maior adesão ao elétrico no Brasil nos próximos anos.
Especialistas afirmam que a entrada de gigantes chinesas no mercado e a expansão de modelos de alta tecnologia podem transformar o setor automobilístico brasileiro, tornando o país mais competitivo e sustentável.
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