Nesta quinta-feira (14), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou sua insatisfação com o bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos contra Cuba, que já dura mais de 60 anos. Em um evento realizado em Goiana, Pernambuco, Lula também reiterou a importância do Programa Mais Médicos, implantado no Brasil em 2013 e que manteve uma parceria com o país caribenho.
Críticas ao bloqueio e defesa da relação com Cuba
O presidente Lula criticou a recente decisão do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, que revogou os vistos de funcionários brasileiros que trabalharam com o programa de cooperação em saúde de Cuba. Entre os atingidos pela medida estão Mozart Julio Tabosa Sales, do Ministério da Saúde, e Alberto Kleiman, que agora é o coordenador-geral da COP30.
“O fato deles caçarem o Mozart foi por causa de Cuba. É importante eles saberem que a nossa relação com Cuba é uma relação de respeito a um povo que está sendo vítima de um bloqueio há 70 anos”, disse Lula. O presidente argumentou que essa política dos EUA é desumana e deveria ser reconsiderada.
Lula destacou que Cuba, com sua longa tradição de cooperação internacional na área da saúde, vem ajudando vários países por meio da exportação de médicos e profissionais de saúde. A cooperação com Cuba se estende desde a década de 1960 e, ao longo dos anos, cerca de 605 mil médicos cubanos atuaram em 165 nações.
A importância do programa mais médicos
O Programa Mais Médicos foi instituído para preencher lacunas na assistência médica em regiões carentes do Brasil. Durante o governo de Jair Bolsonaro, o programa passou por mudanças drásticas, mas nesta nova administração, Lula expressou a necessidade de fortalecer a iniciativa.
“Quando nós criamos o Mais Médicos, a bronca era que parte da elite da saúde achava que não faltavam médicos. Mas os prefeitos sabem que essa falta existe, especialmente em áreas mais vulneráveis”, comentou Lula.
O presidente enfatizou que cabe ao governo identificar as regiões que mais necessitam de profissionais de saúde e adotar ações efetivas para preencher essas lacunas, garantindo acesso a cuidados essenciais para a população.
Soberania na produção de medicamentos
Além de abordar a cooperação em saúde com Cuba, Lula também assistiu à inauguração de dois novos blocos de produção de medicamentos hemoderivados na Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás). O investimento de R$ 1,9 bilhão permitirá que o Brasil alcance uma maior autonomia na produção de medicamentos essenciais, como albumina e fatores de coagulação.
O presidente ressaltou a importância da Hemobrás para a soberania nacional na saúde, afirmando que o Brasil deve ser auto-suficiente na produção de medicamentos, sem depender de nenhum país estrangeiro.
“A Hemobrás veio pra ficar e para mostrar que o Brasil é soberano e não tem medo de ameaça”, disse Lula, referindo-se às sanções que o país recebeu dos EUA.
Avanços na hemoterapia
Atualmente, a Hemobrás já abastece o Sistema Único de Saúde (SUS) com produtos obtidos por meio de acordos de transferência de tecnologia. Com a nova planta, o Brasil espera fracionar até 500 mil litros de plasma por ano, garantindo a produção de medicamentos cruciais para pacientes de UTIs e outros tratamentos de saúde crítica.
Com a conclusão das etapas de qualificação e a certificação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a nova unidade está pronta para iniciar suas operações, com expectativa de fornecer 300 mil frascos do Hemo-8r, medicamento essencial para o tratamento da hemofilia, até o final do ano.
Após a cerimônia em Goiana, Lula ainda cumpriu agenda no Recife, onde anunciou novas ações do programa Agora Tem Especialistas e entregou títulos de regularização fundiária à comunidade de Brasília Teimosa.
O envolvimento de Lula com essas questões ressalta a urgência de discutir a política de saúde no Brasil, bem como as relações internacionais que influenciam diretamente a qualidade dos serviços disponibilizados à população.