Brasil, 19 de agosto de 2025
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Desespero em Gaza: a trágica história de Ro’a Mashi

A morte de uma criança de dois anos em Gaza provoca indignação e revela a gravidade da fome causada pela guerra.

KHAN YOUNIS, Faixa de Gaza — A cena é dolorosa: o corpo de Ro’a Mashi, uma menina de apenas 2 anos e meio, é examinado por médicos no Hospital Nasser, em Gaza. Ela aparece com os ossos visíveis, os olhos fundos e um corpo sem energia, resultado de uma profunda desnutrição. Os médicos afirmam que sua condição não se deve a doenças prévias, mas à luta de sua família para encontrar alimentos e tratamento durante os longos meses de conflito.

A lamúria e o desespero da família Mashi foram derivados da escassez de alimentos impulsionada pelo bloqueio e pela guerra em curso. Ro’a é apenas um dos números; sua história é um retrato do sofrimento crescente de muitas famílias dentro da Enclava de Gaza, onde a fome se tornou uma dura realidade. Após sua morte, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu declarou à mídia que “não há fome” em Gaza, desconsiderando as inúmeras vozes que clamam por ajuda e assistência humanitária.

Um apelo à consciência internacional

De acordo com especialistas, o relato da família Mashi é apenas um entre tantos em uma crise humanitária sem precedentes. O porta-voz das Nações Unidas, Stephane Dujarric, alertou que os níveis de desnutrição e fome em Gaza são os mais altos desde o início do conflito. O cenário é alarmante: em julho, cerca de 12 mil crianças com menos de cinco anos apresentaram sinais de desnutrição aguda — um terço delas com formas severas, cuja gravidade pode ser fatal. A Organização Mundial da Saúde estima que esses números são, na verdade, um sub-registro da situação crítica que se vive na região.

Nos últimos tempos, Israel permitiu a entrada de uma quantidade de alimentos três vezes maior do que o habitual, mas isso ainda é muito aquém das necessidades diárias da população. A questão é que as opções que surgem nos mercados são significativamente mais caras, tornando a alimentação acessível apenas para alguns. A realidade é que muitos palestinos ainda vivem com apenas uma refeição por dia, como foi o caso da família Mashi.

O impacto da malnutrição nas crianças

A situação é ainda mais preocupante quando se trata das crianças. Durante o último mês, o ministério de saúde de Gaza registrou a morte de 42 crianças devido a causas relacionadas à desnutrição. Médicos afirmam que a entrada restrita de alimentos e cuidados médicos adequados tem levado ao agravamento da saúde das crianças, muitas das quais têm condições crônicas que se agravam pela falta de nutrição.

Dr. Yasser Abu Ghali, que trabalha no Hospital Nasser, relatou que entre as crianças com desnutrição que chegaram ao hospital, muitas não apresentavam condições pré-existentes. A negligência e a fome severa têm resultado em mortes que poderiam ser evitadas caso os recursos fossem melhores distribuídos e acessíveis à população de Gaza.

Um lamento por Ro’a

A história de Ro’a não é isolada; seu caso é um reflexo da tragédia que assola famílias em Gaza. Sua mãe, Fatma, expressou que notou a perda de peso em Ro’a há meses, inicialmente atribuindo à dentição. No entanto, a escassez de alimentos e a rotina estressante do deslocamento de sua família agravaram ainda mais a saúde da criança. Em uma de suas últimas tentativas de levar Ro’a ao hospital, Fatma enfrentou a dura realidade de viver em um campo de tendas, onde o abastecimento de alimentos é incerto e futuramente prejudica seu tratamento.

Em meio ao desalento e à devastação, a família Mashi se vê lutando contra um sistema que falha em atender às suas necessidades mais básicas. A incerteza e a desumanização que permeiam o cotidiano de Gaza continuam a deixar marcas profundas.

As vozes por um futuro melhor

Num cenário em que a comunidade internacional discute o que pode ser feito para melhorar as condições em Gaza, o trabalho humanitário precisa ser intensificado. A simples liberação de alimentos não é uma solução abrangente; é necessário um esforço coordenado para garantir que crianças como Ro’a tenham acesso a cuidados médicos adequados, a alimentos nutritivos e um ambiente seguro onde possam crescer e prosperar.

À medida que as notícias de tragédias continuam a preencher as manchetes, a luta de famílias em Gaza clama por compaixão e ação. O mundo não pode fechar os olhos para o sofrimento e a dor que estão sendo vividos no coração daquela região. Se o apoio não chegar a tempo, muitos mais não terão a chance de crescer e viver.

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Agradecemos a Keath por relatar de Cairo. Os jornalistas da AP, Abdel-Karim Hana e Wafaa Shurafa, contribuíram de Deir al-Balah, Faixa de Gaza.

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