Brasil, 14 de agosto de 2025
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Pacote contra tarifaço de Trump: o que deve permanecer e o que precisa terminar

Medidas de apoio às exportações reacendem o debate sobre avanços e limites na modernização dos instrumentos econômicos do Brasil

O pacote de medidas anunciado pelo governo para auxiliar as empresas impactadas pelo tarifaço de Trump é considerado necessário e na direção certa, mas demanda cuidado para evitar que benefícios temporários se tornem permanentes. A recente reformulação no sistema de apoio às exportações visa modernizar mecanismos essenciais para o desenvolvimento do setor.

Alterações estruturais que devem permanecer

Entre as ações que o governo aposta na continuidade estão mudanças que trazem melhorias estruturais, como a modernização dos fundos de apoio à exportação, especialmente o Fundo de Garantia de Exportação (FGE). “Essa modernização é fundamental porque atualmente o instrumento é utilizado sobretudo por grandes empresas, enquanto as pequenas permanecem à margem”, explica Rogério Ceron, secretário do Tesouro.

Segundo Ceron, o acesso a linhas de crédito para exportação por pequenas empresas é de apenas 1%, enquanto países como Coreia e Índia alcançam 40% e 30%, respectivamente. “Precisamos melhorar esse cenário para os pequenos, que representam a maioria das empresas do país”, reforça.

Instrumentos que devem ter prazo de encerramento

Por outro lado, mecanismos como o programa Reintegra, que devolve parte dos tributos pagos durante a produção de exportações, têm forte potencial de distorção. Afetando cerca de 3% do valor exportado por grandes empresas e até 6% por pequenas, esse benefício funciona como uma espécie de subsídio ao exportador. Assim, torna-se crucial limitar sua vigência, já que se trata de dinheiro público que não deve se perpetuar.

Com a entrada em vigor da reforma tributária prevista para 2027, o incentivo ao exportador será alterado. A nova legislação prevê isenção de impostos para todos os exportadores a partir do final de 2026, eliminando a necessidade de medidas como o Reintegra, que, atualmente, extrai recursos do governo sob o argumento de estímulo às exportações.

Novos prazos e instrumentos de apoio

Drawback e diferimento de impostos

O prazo do drawback, crédito tributário utilizado na importação de insumos para exportação, foi ampliado de curto para um ano, uma mudança bem recebida por especialistas. “Esse período é mais justo, especialmente para empresas que enfrentam dificuldades de exportação”, avalia Welber Barral, economista e ex-secretário de Comércio Exterior.

Além disso, o adiamento do pagamento de impostos por dois meses, conhecido como diferimento, também será mantido durante a emergência de setores afetados, fornecendo maior flexibilidade às empresas.

Desafios fiscais e limites do apoio

Outro aspecto importante é a questão fiscal. O governo pretende destinar aproximadamente R$ 30 bilhões ao pacote, mas cerca de R$ 9,5 bilhões ficariam fora do teto de gastos, sob justificativa de necessidades excecionais. “Embora necessário em momentos críticos, esse mecanismo deve ser usado com moderação para não enfraquecer a política fiscal”, alerta Ceron.

Ao pensar na proteção ao emprego, as linhas de crédito terão condições de manter as vagas de trabalho, embora a regulamentação ainda esteja em elaboração. “Regras mais flexíveis podem assegurar o equilíbrio entre incentivo e estabilidade”, aponta Barba.

Perspectivas futuras e impactos

Segundo especialistas, as medidas do pacote são relevantes e bem desenhadas, apesar de seu impacto fiscal ser considerado moderado. “Elas ajudam a fortalecer o setor exportador brasileiro, que, por sua vez, sofre ataques de uma potência econômica global”, avalia Barral. No entanto, o avanço na reforma tributária e a implementação de instrumentos mais eficientes são essenciais para garantir sustentabilidade a longo prazo.

Para o especialista, o principal desafio é evitar que políticas temporárias se eternizem, prejudicando a credibilidade fiscal do país. A expectativa é de que as mudanças promovidas contribuam para um ambiente mais justo e competitivo para todas as empresas, especialmente as de menor porte.

Mais detalhes sobre as medidas e os desdobramentos podem ser consultados na matéria do Globo.

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