Brasil, 14 de agosto de 2025
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Pacote de Lula pode pressionar câmbio e juros, afirmam analistas

Medidas anunciadas pelo governo podem ampliar o quadro fiscal, impactando dólar, juros futuros e confiança do mercado brasileiro

O pacote de medidas anunciado na quarta-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para socorrer empresas afetadas pela sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos pode agravar o cenário fiscal do Brasil, avaliam analistas de mercado. A iniciativa elevou a volatilidade e gerou cautela entre investidores, influenciando o câmbio e os juros futuros.

Impacto no câmbio e juros futuros

Após o anúncio, o dólar comercial avançou 0,27%, chegando a R$ 5,40, enquanto o Ibovespa, principal índice da B3, fechou em queda de 0,89%, aos 136.687 pontos. Os juros futuros, por sua vez, operaram com leve queda ao longo do dia, mas permanecem vulneráveis caso o cenário fiscal se deteriorar ainda mais, alertam especialistas.

Medidas fiscais e o debate no mercado

Eduardo Grübler, analista da AMW Investimentos, aponta que o pacote representa um novo compromisso do governo com maior gasto público, o que reforça as dúvidas dos mercados sobre a condução fiscal do Brasil. Segundo ele, a falta de ajustes na área fiscal pode pressionar os ativos de risco brasileiros.

Já Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, comenta que o pacote está “cercado de dúvidas sobre seu formato e efeitos fiscais”, aumentando o clima de incerteza. “A percepção de fragilidade nas contas públicas mantém o dólar sensível às decisões do Fed e à confiança na política econômica brasileira”, afirma.

Perdas e expectativas no mercado externo

O dólar recuou frente às moedas desenvolvidas, influenciado pela expectativa de novas indicações de Donald Trump para o Federal Reserve e a previsão de cortes adicionais de juros nos Estados Unidos neste ano. Por volta das 18h50 de quarta-feira, o índice DXY caiu 0,30%, a 97,80 pontos.

Desafios fiscais e riscos futuros

No cenário doméstico, o plano pode voltar a pressionar o dólar e os juros futuros caso a percepção de fragilidade fiscal se intensifique. Grübler destaca que, apesar de não haver alternativas sem aumento de gastos, a falta de ações concretas na área fiscal pode ampliar a aversão aos ativos brasileiros.

Enrico Gazola, economista da Nero Consultoria, alerta que as compras públicas para absorver excedentes devem ser bem conduzidas para evitar distorções de preços e desperdícios. Segundo ele, há incertezas sobre o custo fiscal das intervenções do Estado e o tempo de duração dessas ações.

Riscos fiscais e sustentabilidade econômica

Gazola reforça que os recursos utilizados podem representar “risco adicional às contas públicas, comprometendo a trajetória da dívida se não forem temporários e bem focados”. Para ele, a responsabilidade fiscal é essencial para manter juros sustentáveis, câmbio estável e confiança dos investidores.

O governo busca agora o aval do Congresso para que o impacto fiscal do pacote contra a sobretaxa de Trump fique fora da meta fiscal de 2025 e 2026, uma estratégia que pode ampliar os riscos fiscais no médio prazo. Fonte: O Globo

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