No último mês de julho, os preços da carne bovina nos Estados Unidos registraram um aumento significativo, atingindo recordes históricos. Esse fenômeno se deve à alta demanda constante e a questões de produção a longo prazo que afetam o mercado interno. Segundo o último Índice de Preços ao Consumidor publicado pelo Escritório de Estatísticas do Trabalho, o índice de carnes bovinas e vitela subiu 2,5% em julho, em comparação a um aumento de apenas 0,2% nas categorias alimentícias mais amplas, resultando em um incremento de 11,3% ao longo do último ano.
Por que isso é importante
O aumento nos preços de produtos agrícolas fundamentais, como carne bovina e ovos, tem pressionado ainda mais o orçamento das famílias americanas neste ano. Enquanto os preços dos ovos começaram a se estabilizar após atingir recordes em fevereiro, a diminuição das rebanhos de gado continua a impactar pesadamente o valor da carne bovina. Especialistas apontam que medidas de longo prazo são necessárias para resolver os problemas de estoque e que a iminente imposição de novos impostos sobre importações poderá agravar ainda mais a situação, tornando mais difícil uma queda nos preços.
Fatos importantes sobre os preços da carne bovina
Os preços médios de carne moída alcançaram um recorde de US$ 6,34 por libra em julho, enquanto os preços dos bifes crus também atingiram um nível histórico de US$ 11,88 por libra. Para se ter uma ideia, em julho de 2024, esses valores estavam em US$ 5,62 e US$ 10,86, respectivamente.
Esses números refletem mudanças nos preços brutos, sem ajustes sazonais, e não foram modificados para remover padrões de preços previsíveis. O incremento não ajustado de 11,3% em todos os produtos de carne bovina e vitela contrasta com um salto de 5,8% na categoria de carnes em geral, com aumentos de 3,3% para frangos e 1,1% para suínos.
A questão dos preços crescentes da carne bovina tem sido um ponto de interesse para formuladores de políticas e especialistas agrícolas, que atribuem essa situação ao declínio dos rebanhos de gado, que não são suficientes para atender à demanda, além do aumento da dependência de importações e das adversidades climáticas enfrentadas periodicamente.

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“Todo mundo gosta de um bom hambúrguer e bife”, afirmou o economista agrícola David P. Anderson. “É esse crescimento na demanda, somado à oferta reduzida, que faz os preços subirem.”
Conforme os últimos cálculos de inventário de gado do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), havia 94,2 milhões de cabeças de gado nos EUA em julho, sendo 28,7 milhões delas bovinos. Isso representa uma leve redução em relação a janeiro de 2020, quando havia 94,4 milhões de cabeças e 31,3 milhões de bovinos.
O USDA, em um relatório mensal divulgado na terça-feira, previu que o total da oferta de carne bovina nos EUA cairá para 31,1 bilhões de libras até agosto de 2026, o menor nível desde 2019. Droughts em áreas de produção de carne bovina, aliadas a questões como inflação e aumento dos preços de grãos, têm elevado o custo da pecuária e levado muitos produtores a reduzir seus rebanhos.
Opiniões de especialistas
Sylvain Charlebois, professor de distribuição de alimentos e políticas na Universidade Dalhousie, no Canadá, comentou: “A curto prazo, não há solução rápida. Leva anos para reconstruir rebanhos, e os pecuaristas não começarão a expandir até que tenham confiança de que os preços do alimento e os padrões climáticos se estabilizem.”
O economista agrícola Derrell Peel também alertou: “Pode levar pelo menos dois a três anos antes que vejamos qualquer mudança significativa na oferta que, eventualmente, leve a uma moderação nos preços da carne bovina.”
As importações de carne bovina têm aumentado em resposta às limitações na oferta doméstica. O USDA informou que as importações totais de carne bovina devem cair 6,1% para 4,95 bilhões de libras até agosto do próximo ano. Esse declínio reflete dados comerciais reportados no primeiro semestre do ano e a redução das remessas devido aos altos impostos, especialmente sobre as importações do Brasil.
Os principais fornecedores de carne bovina importada incluem Austrália, Canadá, México, Nova Zelândia e Brasil, com o último respondendo por aproximadamente 15% das importações de carne bovina nos EUA em 2025. Contudo, o Brasil recebeu uma tarifa de 50% sobre todos os produtos enviados para os EUA, o que pode agravar a situação econômica atual.
Expectativas para o futuro
Alguns especialistas acreditam que os preços podem cair moderadamente nos próximos meses após o pico na demanda sazonal, enquanto aguardamos por mudanças na dinâmica do mercado.