O aumento de tarifas anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros tem causado impacto direto nas exportações do país. Empresas de diversos setores estão paralisando operações e adotando férias coletivas enquanto aguardam medidas de socorro.
Tarifaço de Trump e efeitos nas exportações brasileiras
Trump estabeleceu uma sobretaxa de 50% para produtos brasileiros que entram no maior mercado consumidor do mundo, com aproximadamente 700 exceções tarifadas em 10%. Essa política tem resultando na redução drástica nas encomendas e nos embarques de mercadorias, especialmente para o setor moveleiro.
Setores mais afetados
Nos setores de móveis e madeira, a queda nas vendas para os EUA é evidente. No polo moveleiro de São Bento do Sul, em Santa Catarina, cerca de 600 trabalhadores estão em férias coletivas devido ao impacto do tarifão, segundo o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário (Siticom). A região, que produz US$ 123,4 milhões em móveis por ano, tem US$ 77 milhões em pedidos destinados ao mercado americano, que estão sendo afetados pela elevação de tarifas.
“Cerca de 75% da produção da Artefama, uma das maiores exportadoras do setor, atende ao mercado dos EUA. Com a redução dos pedidos, tivemos que antecipar as férias de metade dos funcionários”, explicou o CEO da empresa, Ettore Giacomet Basile. Outros empresários consideram reduzir jornada ou suspender atividades temporariamente.
Repercussões no polo moveleiro de Santa Catarina
Além das fábricas de móveis, empresas do setor de madeira também sentiram o peso da política tarifária americana. A Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci) revelou que, no ano passado, as exportações do ramo atingiram US$ 1,6 bilhão, sendo metade para os EUA. Contudo, a recuperação de pedidos está travada por pressões para redução de preços, o que tem gerado insegurança e interrupções nas atividades.
“Algumas empresas já dão férias coletivas e outras estão pensando em cortes de funcionários. Se a situação não melhorar, podemos ter demissões em breve”, conta Juliano Vieira Araújo, presidente da Abimci.
Empresa busca tempo para solucionar crise e futuras estratégias
Como uma estratégia temporária, algumas indústrias tentam ganhar tempo enquanto aguardam uma resolução das tensões comerciais. Diego Bordignon, CEO da fabricante catarinense de móveis, afirmou que, apesar de buscar outros mercados, a adaptação leva tempo. “Se nada se resolver nos EUA, precisaremos readequar nossa capacidade produtiva”, ressaltou.
Empresas do setor moveleiro e de madeira ainda enfrentam dificuldades adicionais: pedidos foram suspensos ou reduzidos por clientes americanos, e a pressão por descontos tem dificultado a competitividade dos produtos nacionais, especialmente na indústria de portas, molduras, pisos e componentes de mobília.
Perspectivas e possíveis readequações
Especialistas indicam que, se o cenário persistir, haverá uma necessidade de ajustamentos no tamanho das fábricas e na força de trabalho. “Se os pedidos não voltarem a crescer, as empresas terão de fazer readequações operacionais para equilibrar custos e receitas”, explicou Luiz Carlos Pimentel, presidente do Sindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário de São Bento do Sul.
Por ora, o esforço dos empresários brasileiros é de manter a liquidez enquanto tentam negociar alternativas junto às autoridades americanas e buscar outros mercados de exportação.
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