O “tarifaço” de Trump colocou à prova a reação do governo brasileiro, que precisa equilibrar auxílio a empresas e responsabilidade fiscal. A decisão de oferecer socorro, como linhas de crédito e garantias, deve considerar o impacto de longo prazo na saúde financeira do país e na cadeia produtiva.
Reação prudente diante de choques econômicos
Segundo analistas, um choque de curta duração não demanda intervenção estatal, enquanto mudanças estruturais exigem apoio ao empreendedorismo e adaptação. No caso atual, de efeito potencialmente prolongado, respostas transitórias podem ser adequadas, evitando a perpetuação de empresas “zumbis” e alocação ineficiente de recursos públicos.
Quem deve receber auxílio?
Empresas mais impactadas, com contratos a cumprir e alto risco de insolvência, podem precisar de uma linha de crédito especial para honrar compromissos de curto prazo. Entretanto, o apoio deve ser criterioso, considerando a viabilidade econômica de cada negócio e os efeitos na cadeia de fornecedores e bancos.
Critérios para apoio emergencial eficiente
De acordo com a literatura econômica, é justificável socorrer empresas economicamente viáveis, que enfrentam restrições temporárias de liquidez. A quebra de uma organização assim pode gerar perdas irreversíveis de capital intelectual e prejudicar toda a cadeia produtiva, com efeitos negativos para trabalhadores e credores.
Por outro lado, apoios superficiais ou permanentes, como descontos fiscais prolongados ou benefícios sem prazos definidos, reforçam comportamentos de risco moral, dificultando a renovação e a adaptação do setor produtivo.
O risco de políticas permanentes e ineficientes
Histórico recente mostra que medidas emergenciais, como a desoneração da folha de pagamento ou auxílios na pandemia, foram prorrogadas além do tempo necessário, dificultando o ajuste estrutural. Essas ações, quando não bem avaliadas, perpetuam a dependência e prejudicam o crescimento sustentável.
Considerações sobre custos e eficiência
O socorro aos empresários, muitas vezes, representa uma transferência de recursos dos contribuintes. É fundamental que tais ações sejam parcimoniosas e rápidas, priorizando a responsabilidade fiscal e o incentivo à inovação e ajuste às mudanças do mercado.
O papel do Estado na promoção de crescimento sustentável
O Estado deve focar na criação de ambientes horizontais favoráveis às exportações e à competitividade, como o fortalecimento de fundos de garantia e a redução de cargas tributárias sobre insumos. Políticas que mantêm empresas inviáveis podem comprometer a saúde financeira do país e atrasar a recuperação econômica.
Assim, a resposta ao tarifão de Trump deve ser equilibrada: ações emergenciais e temporárias, que incentivem a adaptação do mercado e a manutenção de empregos, sem prenunciar uma dependência prolongada de benefícios públicos.
Mais detalhes sobre os desdobramentos podem ser encontrados em esta matéria do Globo.