O governo federal, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, continua buscando de forma discreta reabrir o diálogo com os Estados Unidos, mesmo diante de um clima de pessimismo e deterioração das relações bilaterais. Por outro lado, os Estados Unidos demonstram resistência, especialmente devido às reivindicações do ex-presidente Donald Trump.
Esforços diplomáticos e obstáculos atuais
Embora o governo Lula trabalhe nos bastidores para estabelecer uma conversa com Trump, as perspectivas são desencorajadoras. Interlocutores do Palácio do Planalto acreditam que uma reunião direta entre os dois líderes só deve acontecer após o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo fontes do governo, a relação com os americanos está sendo marcada por um esforço para evitar que a crise se aprofunde. “Quem está fugindo do diálogo são os americanos, e isso deve ficar claro, especialmente para setores mais afetados pelo tarifaço”, afirmou um interlocutor oficial.
Impacto do impasse na reunião da ONU
Na próxima semana, Lula e Trump podem se encontrar nos corredores da Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Tradicionalmente, o Brasil inicia os discursos do evento, seguido pelos EUA. Entretanto, não há previsão de um encontro bilateral oficial entre os dois líderes durante a ocasião.
Reivindicações e tensões entre os países
Uma das principais dificuldades nas negociações é a exigência de Trump de que o processo contra Jair Bolsonaro, relacionado a uma tentativa de golpe de Estado no STF, seja revisto em troca de um acordo que libere as exportações brasileiras das sobretaxas de 50% impostas pelos americanos.
Desde o anúncio da sobretaxa, no dia 9 de julho, a relação entre Brasil e EUA se agravou. Os americanos passaram a criticar continuamente o Judiciário brasileiro e também questionam a postura do governo brasileiro em relação aos direitos humanos.
Contatos limitados e resposta do governo
Até o momento, o único contato oficial realizado foi entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado americano, Marco Rubio. Um consequente encontro entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, foi marcado, mas acabou sendo cancelado na última hora.
Perspectivas futuras
Analistas e integrantes do governo Lula reforçam que, apesar do esforço para estabelecer uma ponte com os EUA, o cenário permanece tenso e sem previsão de avanços significativos. A postura dos americanos, segundo fontes oficiais, mostra resistência, sobretudo às demandas relacionadas às questões judiciais e comerciais.
A situação evidencia os desafios diplomáticos enfrentados pelo Brasil para manter um equilíbrio nas relações com as duas maiores potências globais, especialmente diante dos interesses e posições conflituosas de ambos os lados.