A partir desta quarta-feira, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) inicia uma série de reuniões em Washington D.C. com representantes do governo dos Estados Unidos. O objetivo principal é apresentar um dossiê detalhado sobre os impactos políticos da aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Este movimento é parte de uma estratégia mais ampla para demonstrar que, apesar das sanções dos EUA, o ministro não hesitou em tomar decisões que impactam diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A estratégia de Eduardo Bolsonaro
A abordagem de Eduardo busca evidenciar que, mesmo com a retaliação, Alexandre de Moraes prosseguiu com a determinação da prisão domiciliar de Jair Bolsonaro. De acordo com informações, a intenção é mostrar que essa decisão teve consequências no funcionamento do Congresso Nacional e na própria Corte, e que o que ele chama de “sistema” está se adaptando à pressão exercida pelo governo Trump.
Eduardo, que estará acompanhado do ex-apresentador da Jovem Pan Paulo Figueiredo, pretende argumentar que as sanções americanas geraram uma pausa nas decisões do STF, fortalecendo a oposição, que recentemente provocou um clima de rebelião na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, impulsionando a discussão sobre a inclusão da anistia bolsonarista nas pautas legislativas.
O conteúdo do dossiê
Entre os principais pontos a serem abordados no dossiê, estão alegações de que Moraes não consultou nem o procurador-geral da República, Paulo Gonet, nem outros ministros antes de decidir pela prisão domiciliar, sugerindo que agiu de forma isolada por temer a reação dos colegas. Essa análise, segundo Eduardo e Figueiredo, será utilizada para argumentar que Moraes está, gradualmente, se isolando dentro do STF.
Além disso, o dossiê incluirá reportagens que revelam um desconforto crescente entre os ministros do STF em relação à postura de Moraes. Recentemente, ministros como Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso aconselharam Moraes a “maneirar” suas decisões, mesmo enquanto publicamente continuam a apoiá-lo. Essa dualidade de comportamento será um dos pilares da argumentação de Eduardo.
Bolsonaro e as expectativas do Congresso
O dossiê também visa persuadir os estadunidenses de que o apoio à anistia para Bolsonaro e seus aliados no Brasil aumentou desde as sanções impostas a Moraes, apesar da resistência entre os líderes da Câmara e do Senado. Na verdade, um acordo estabelecido pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pode abrir novas possibilidades para a votação de projetos que visem a anistia até dos envolvidos nos eventos do 8 de janeiro.
Eduardo espera que esse cenário facilite o diálogo e a negociação de uma estratégia mais ampla que isole Moraes no STF, enquanto busca apoio para novas sanções direcionadas a outros ministros, caso necessário. O discurso será estruturado para abordar o aumento do isolamento do ministro no contexto atual das relações Brasil-EUA.
A reação pública e os dados de pesquisa
Outra parte crucial do dossiê será baseada em pesquisas do Instituto de Planejamento Estratégico (Ibespe), que mostram que uma parte significativa da sociedade pode estar dividida sobre a questão das sanções. Os dados indicam que a maioria dos entrevistados não resistiu tão fortemente à sanção contra Moraes, com 42,6% expressando apoio em relação a 43,5% que estão contra.
Porém, a narrativa de Eduardo não fica restrita apenas ao dossiê sobre Moraes; ele também trará à tona as recentes referências à liderança de Jair Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto, utilizando esses dados para reforçar a ideia de que o ex-presidente é um alvo de perseguição política, mesmo durante um período em que foi considerado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Assim, enquanto Eduardo Bolsonaro apresenta seu dossiê, o foco em criar uma conexão sólida com os representantes do governo dos EUA está claro, buscando não apenas um apoio aqui e agora, mas moldando a narrativa que a direita brasileira espera que se firme nos próximos anos.
Nesse intrincado panorama político, Eduardo enfrenta a tarefa de articular a narrativa direitista sob a luz de uma administração que já demonstra sinais de resistência ao engajamento, fazendo dele um personagem chave nesta nova fase das relações entre Brasil e EUA.