A prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro trouxe novas diretrizes para o Partido Liberal (PL) em sua estratégia eleitoral para as eleições de 2026. Com a pressão crescente de aliados e a necessidade de manter a relevância no cenário político, o PL se mobiliza para fortalecer candidaturas a governadores nas mais importantes disputas estaduais, buscando assim garantir sua posição como a maior bancada na Câmara dos Deputados.
A estratégia do PL em um novo cenário político
Desde a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação às ações vinculadas a Bolsonaro, os aliados do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, começaram a discutir com mais intensidade as estratégias necessárias para minimizar o impacto do que foi chamado de “vazio de liderança” deixado pela ausência do ex-presidente. De acordo com informações de interlocutores de Valdemar, a situação preocupa, já que a expectativa de um cenário conturbado se intensificou com as recentes decisões da Justiça.
Uma das primeiras reações a esse cenário foi a decisão de Valdemar de proibir que membros do PL apoiem candidatos de outras siglas. Essa resolução visa reforçar a presença do número 22 nas chapas estaduais, o que pode ajudar no fortalecimento de candidatos a deputado federal e a senador. Enquanto os senadores seguem sendo a prioridade de Bolsonaro, que busca um possível impeachment contra ministros do STF, a estratégia de Valdemar foca na Câmara dos Deputados, onde os fundos partidário e eleitoral estarão em jogo.
Desdobramentos em estados estratégicos
A movimentação do PL já causa reflexos nas principais densidades eleitorais do Brasil. Em Minas Gerais, por exemplo, Mateus Simões, vice-governador pelo Novo, já manifesta interesse em se filiar ao PL para concorrer na sucessão de Romeu Zema. Ele condiciona essa mudança, no entanto, a uma eventual consolidação de candidatos que sigam a linha de Bolsonaro dentro do partido.
Na Paraíba, o senador Efraim Filho também é aconselhado a considerar a migração para o PL, em meio a um cenário de disputa interna entre sua atual aliança, União Brasil, e o PP. A estratégia local abre espaço para uma candidatura unificada da direita na corrida pelo governo, fortalecendo a presença de Bolsonaro mesmo em sua ausência física nas campanhas.
Por outro lado, no Rio de Janeiro, a política interna do PL se torna palpável com a decisão de Valdemar, que impactou o governador Cláudio Castro. Castro recuou no apoio à pré-candidatura de Rodrigo Bacellar ao Palácio Guanabara, num reflexo das movimentações que desagradam ao ex-presidente. No Estado da Bahia, mesmo que João Roma manifeste sua intenção de concorrer, ele não descarta coligações com outros partidos.
Os desafios para o PL nas eleições de 2026
Enquanto o PL tenta articular essas mudanças e posicionamentos, a verdadeira preocupação gira em torno da possibilidade de fragmentação da política de direita no Brasil. Valdemar e seus aliados veem a necessidade de evitar que disputas internas enfraqueçam as chances de vitória em um cenário onde a diplomacia interna se faz crucial. O veto a alianças, embora tático, poderá ter consequências em algumas regiões onde acordos prévios podiam ser vantajosos para o partido.
Na verdade, a estratégia do PL reflete um entendimento profundo de que, sem a liderança de Bolsonaro em campo, cada movimento precisará ser cuidadosamente pensado e executado. As filiações e as opções de candidatos precisam convergir para um único caminho, centralizando as expectativas e mantendo o foco nas suas propostas e bandeiras, para que o partido possa maximizar suas chances em 2026.
Acompanhando esses trâmites, o panorama político parece se definir cada vez mais, com tudo indicando que o PL estará em um constante estado de ativação para preservar sua relevância nas próximas eleições e se firmar como uma potência sólida dentro da política brasileira. Com desafios à vista e a crescente movimentação de aliados, o partido terá que equilibrar suas escolhas e fortalecer sua retórica diante de um eleitorado cada vez mais exigente.