O governo federal anunciou que, para acessar os financiamentos disponibilizados pelo plano de contingência contra o tarifão imposto pelos Estados Unidos, as empresas deverão assegurar a manutenção temporária ou a ampliação dos postos de trabalho. A medida faz parte do pacote lançado nesta quarta-feira (13) para mitigar os efeitos do aumento tarifário de 50% sobre produtos brasileiros, como carne e alimentos processados.
Créditos e compromisso com empregos na nova política
De acordo com técnicos do governo, os contratos de financiamento terão uma cláusula obrigando as empresas a manterem o limite de empregos ou a ampliar seu quadro de funcionários durante a vigência do apoio financeiro. Além disso, o presidente Lula confirmou a assinatura de uma medida provisória (MP) que reformula o Fundo de Garantia à Exportação (FGE), que contará com R$ 30 bilhões em linhas de crédito voltadas às empresas mais afetadas pelo tarifão.
Reforma no Fundo de Garantia à Exportação
Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a reformulação no FGE será fundamental para facilitar o acesso ao crédito por parte das firmas impactadas. O fundo atualmente garante pagamento a importadores estrangeiros e oferece seguros de crédito à exportação, além de financiamentos. A nova edição da MP permitirá que linhas de financiamento também apoiem empresas exportadoras de bens e serviços, especialmente aquelas envolvidas na cadeia de produção afetada pelas tarifas adicionais dos EUA.
Perspectivas de estímulo ao setor produtivo
Para combater os efeitos do tarifaço, o governo anunciou que oferecerá uma linha de crédito emergencial de R$ 30 bilhões. O objetivo é atender empresas prejudicadas por sobretaxas, sobretudo nos setores de carnes, frutas, pescados, mel e produtos agrícolas em geral. As condições dessas linhas ainda serão definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que reúne representantes do Ministério da Fazenda, do Planejamento e do Banco Central.
Na ocasião, Lula destacou que a iniciativa é uma resposta às pressões internas e à tentativa de fortalecer o setor exportador brasileiro, especialmente diante do aumento de tarifas imposto por Donald Trump. “Vamos garantir que as empresas possam continuar produzindo e mantendo os empregos”, afirmou o presidente.
Compromisso com a política de crédito e novas exportações
Segundo o ministro Haddad, além do reforço financeiro, o governo planeja um programa de compras governamentais de produtos exportados para os EUA, priorizando alimentos perecíveis como pescados, frutas e mel. Na reunião com representantes do setor alimentício, o governo solicitou uma lista de produtos a serem comprados, além de um preço mínimo para viabilizar as aquisições públicas.
Reações e expectativas
Especialistas avaliam que a medida é uma tentativa de minimizar o impacto econômico do tarifão, que elevou as tarifas norte-americanas a 50% desde 6 de agosto. O ex-presidente da Bolsa de Valores, Arminio Fraga, declarou que “os EUA pegaram pesado com o Brasil, mas é importante acompanhar até onde essa tensão poderá chegar”.
O vice-presidente Geraldo Alckmin destacou a estratégia de diálogo com empresários e representantes do Legislativo, convidando figuras como os presidentes da Câmara, Davi Alcolumbre, e do Senado, Hugo Motta, para acompanhar os passos do governo na negociação com Washington.
Sobre os efeitos do tarifão, dados indicam que, embora a inflação e o desemprego tenham caído na maioria dos segmentos brasileiros, o cenário externo permanece desafiador. Segundo análises, os setores mais afetados ainda enfrentam altas tarifas, o que limita as exportações brasileiras para os EUA.
A expectativa é de que, até o final do mês, o governo defina todos os detalhes do plano de apoio e que as linhas de crédito comecem a atuar de forma efetiva, ajudando a preservar empregos e estimular a retomada das exportações brasileiras.