O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) anunciou o arquivamento de um inquérito que investigava uma suposta falsificação de documentos associados a Samuel Klein, fundador das Casas Bahia. Essa decisão chega em um momento em que a disputa pela herança bilionária entre os irmãos Klein – Michael, Eva e Saul – continua sem uma resolução clara desde a morte de Samuel em 2014. O caso tem capturado a atenção do público e gerado debates sobre questões familiares, ética e fiscalização documental.
Contexto da disputa familiar
Samuel Klein faleceu em 2014 e, desde então, seu legado financeiro gerou uma batalha acirrada entre seus filhos. A briga pela fortuna, que envolvia a gestão das Casas Bahia, uma das maiores redes de varejo do Brasil, se intensificou ao longo dos anos, especialmente entre Saul e Michael. O caçula, Saul Klein, havia alegado que o irmão mais velho, Michael Klein, falsificou assinaturas do pai para obter uma parte não proporcional da herança. Michael, por sua vez, atua como testamenteiro e inventariante da herança, o que adiciona uma camada de complexidade ao caso.
Arquivamento do inquérito
A promotora de Justiça Karla Regis Bugarib encaminhou a decisão de arquivar o inquérito, baseado em uma perícia grafotécnica que validou a autenticidade das assinaturas em questão. A perícia realiza um exame científico que analisa a grafia e as características únicas de cada assinatura. No caso de Samuel Klein, os peritos analisaram documentos diversos, incluindo um testamento datado de 13 de agosto de 2013, e concluíram que as assinaturas eram autênticas.
De acordo com a decisão, as evidências encontradas durante a investigação foram suficientes para descartar as alegações de Saul. “Expressivas convenções gráficas” nos documentos apontaram que as assinaturas pertenciam ao mesmo punho, evidenciando a autenticidade das mesmas. Isso significou que não havia indícios suficientes que justificassem a continuação do inquérito.
Desdobramentos e novas petições
A decisão de arquivar o inquérito não encerra a contenda entre os irmãos. Recentemente, Saul Klein, que enfrenta problemas de saúde e acumulou altos custos médicos, solicitou uma antecipação de herança. Essa solicitação foi contestada por Michael, que alega que o pedido é malicioso e baseado em informações falsas relacionadas à hospitalização do irmão em uma UTI.
Michael, também herdeiro da fortuna, argumentou que o pedido de Saul pretendia beneficiar interesses não declarados, sugerindo que parte dos direitos hereditários foi cedida a uma empresa. Assim, ele formalizou um pedido à Justiça para que não apenas a antecipação de herança fosse negada, mas também para que Saul fosse responsabilizado por litigância de má-fé. Além disso, exigiu que o Hospital Vila Nova Star apresentasse o prontuário médico completo de Saul, levantando questões sobre a verdade dos eventos relatados.
Impacto sobre as Casas Bahia
A disputa pela herança e os processos legais em curso estão afetando diretamente a imagem e a continuidade das operações das Casas Bahia. A falta de um acordo entre os herdeiros resultou em incertezas não apenas sobre a gestão dos bens, mas também sobre a distribuição de dividendos, o que pode impactar os funcionários e os clientes da rede varejista. Desde 2015, não houve distribuição de dividendos relevantes, o que levanta preocupações sobre a gestão financeira da empresa.
Enquanto isso, os irmãos Klein permanecem em um impasse que parece sem fim. Com o arquivamento do inquérito, novas batalhas legais poderão se intensificar, e a espera por uma resolução ainda parece distante. O caso ilustra não apenas os desafios de administrar grandes fortunas, mas também as complexidades das relações familiares em situações de herança.
A expectativa é que o desenrolar deste caso continue a ser acompanhado por boa parte da população, dada a relevância do sobrenome Klein na história do varejo brasileiro. Assim, a luta pela herança das Casas Bahia promete permanecer nos noticiários por um bom tempo.