Brasil, 13 de agosto de 2025
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Adolescente processa restaurante por discriminação em banheiro feminino

Gerika Mudra, de 18 anos, alega ter sido assediada em um banheiro de restaurante em Owatonna, Minnesota, onde um funcionário a seguiu.

No último mês, um incidente de discriminação em um restaurante Buffalo Wild Wings em Owatonna, Minnesota, trouxe à tona a importância de uma conversa sobre aceitação de identidades de gênero. Gerika Mudra, uma adolescente birracial e lésbica de 18 anos, entrou com uma denúncia contra o estabelecimento, alegando que um funcionário a seguiu até o banheiro feminino e exigiu que ela “provasse” que era uma mulher.

O incidente no banheiro

O caso ocorreu durante um jantar que Mudra teve com uma amiga em abril. Quando decidiu usar o banheiro, um funcionário a seguiu, batendo na porta do box e dizendo: “Este é um banheiro feminino. O homem precisa sair”. Mudra, que não é trans, já havia enfrentado situações similares antes, mas geralmente, ao afirmar que é uma mulher, não houve mais problemas. No entanto, neste caso, ao sair do box e afirmar que era uma lady, a resposta do servidor foi: “Você precisa sair agora”.

Sentindo-se obrigada a “provar” sua identidade de gênero, Mudra retirou parcialmente a roupa para mostrar seus seios ao servidor, que, após isso, não disse mais nada e deixou o banheiro. “Ela me fez sentir muito desconfortável”, disse Mudra em uma declaração. “Depois desse episódio, evito ir a banheiros públicos. Apenas seguro até conseguir chegar em casa. Quero poder usar o banheiro em paz.”

A resposta da Buffalo Wild Wings

Até o momento, a Inspire Brands, que representa o Buffalo Wild Wings, não se pronunciou sobre o ocorrido. A Gender Justice, uma organização de igualdade de gênero em Minnesota, arquivou uma queixa formal junto ao Departamento de Direitos Humanos do estado, argumentando que as ações do funcionário violam a Lei de Direitos Humanos de Minnesota. Esta legislação tem como objetivo proteger as pessoas da discriminação baseada em identidade de gênero e orientação sexual.

Proteções legais e o contexto mais amplo

Sara Jane Baldwin, advogada sênior da Gender Justice, destacou em uma coletiva de imprensa que, apesar de Mudra não ser uma pessoa trans, as ações do funcionário foram baseadas em suposições. “A lei de Minnesota protege contra discriminação com base em estereótipos ou suposições sobre características protegidas, como identidade de gênero”, afirmou.

Baldwin ainda mencionou a obrigação legal das empresas de não apenas ter políticas antidiscriminatoriais formalmente, mas também de treinar suas equipes e garantir que essas políticas sejam respeitadas em situações como a vivenciada por Mudra.

Este tipo de discriminação que Mudra enfrentou reflete um clima de medo e suspeita voltado a qualquer um que não se encaixe nas estreitas expectativas de como homens e mulheres “deveriam” se apresentar. Essa situação é ainda mais preocupante no contexto em que diversos estados americanos têm adotado legislações que restringem o acesso de pessoas trans a banheiros que correspondem à sua identidade de gênero, apesar de Minnesota não ter implementado tais políticas.

A ampla conseqüência da discriminação de gênero

Conforme o Movement Advancement Project, dezenove estados possuem leis que proíbem pessoas trans de usar banheiros que correspondam às suas identidades de gênero em escolas K-12. Muitos destes estados estendem as restrições a outros prédios de propriedade do governo. Além disso, 27 estados possuem legislações que proíbem pessoas trans de participar de equipes esportivas escolares que respeitem suas identidades de gênero.

Uma pesquisa revelou que, independentemente das leis existentes, muitas pessoas trans relatam enfrentar assédio em banheiros públicos, levando muitos a evitá-los. Este clima de discriminação não afeta apenas pessoas trans; mulheres cisgênero, como Mudra, têm sido alvo de assédio por serem confundidas com pessoas trans em banheiros públicos.

Reflexão sobre as realidades vividas por pessoas trans

Megan Peterson, diretora executiva da Gender Justice, destacou o quanto essas situações de “policiamento de gênero” são comuns na sociedade atual. “Precisamos perguntar: e se Gerika fosse uma pessoa trans? Esta história teria terminado de forma diferente? Essa é a realidade aterrorizante que muitas pessoas trans enfrentam todos os dias”, disse Peterson.

Se Mudra fosse uma pessoa trans, ela ainda poderia ter protocolado uma queixa de discriminação sob a lei estadual de Minnesota, que explicitamente proíbe a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero em acomodações públicas.

Este incidente não só traz à luz questões fundamentais sobre direitos humanos e igualdade, mas também enfatiza a necessidade urgente de uma mudança de cultura e educação sobre identidade de gênero e respeito nas interações cotidianas.

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