Na madrugada da segunda-feira, 11 de agosto de 2025, Cabo Verde enfrentou uma das maiores catástrofes naturais de sua história recente. Chuvas intensas, acompanhadas de trovoadas, raios e relâmpagos atingiram principalmente a ilha de São Vicente, resultando em oito mortes, três desaparecidos, doze desalojados e enormes prejuízos materiais.
A resposta do governo e a mobilização da população
Em resposta a essa calamidade, o governo de Cabo Verde decretou estado de calamidade e dois dias de luto nacional. As chuvas afetaram não apenas a ilha de São Vicente, mas também as ilhas de São Nicolau e Santo Antão, provocando danos significativos a infraestruturas, residências e veículos. O Primeiro-Ministro, Ulisses Correia e Silva, visitou as áreas mais afetadas, como a zona piscatória de Salamansa, para avaliar a situação em primeira mão. O Presidente da República, José Maria Neves, também deve visitar a ilha nas próximas horas.
A Câmara Municipal de São Vicente anunciou a suspensão da 41ª edição do Festival de Baía das Gatas, que estava agendado para iniciar no dia 14 de agosto. Essa decisão reflete a gravidade da situação e a necessidade de concentrar esforços na recuperação das comunidades afetadas.
Fábio Vieira, presidente da Associação Nacional dos Municípios de Cabo Verde (ANMCV), declarou que a associação está disposta a colaborar com as autoridades na resposta à emergência. Ele lançou uma campanha de solidariedade em prol da ilha de São Vicente, envolvendo parceiros institucionais e a diáspora cabo-verdiana. Vieira destacou a importância de criar um Fundo de Solidariedade Intermunicipal para apoiar as vítimas de desastres naturais.
Ajuda e solidariedade da diáspora
As redes sociais estão repletas de mobilizações para ajudar a população afetada, principalmente por parte da diáspora cabo-verdiana. Muitas iniciativas estão sendo organizadas para arrecadar fundos e doações para aqueles que perderam tudo nas inundações.
Entrevistas com moradores revelam o desespero e a incredulidade diante da situação. “Com os meus 80 anos, posso dizer que chuvas como estas nunca vi, ainda por cima com tanta intensidade de trovoadas, raios e relâmpagos”, relata o senhor Manuel, que estava entre os que vivenciaram a tempestade. Visivelmente abaladas, as pessoas afirmam que o evento parecia “o fim do mundo”, refletindo um sentimento coletivo de perda e insegurança.
Previsões e consequências meteorológicas
A administradora do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica, Ester Araújo Brito, explicou que uma onda que se aproximava do Leste, inicialmente prevista como pacífica, intensificou-se ao atingir as ilhas, causando precipitações severas e trovoadas. Ela alertou que a situação do mar também se agravou, com ondulações de até três metros e meio, recomendando cautela especial nas áreas costeiras.
Além do impacto imediato, a população agora enfrentará os desafios de contornar a recuperação de suas vidas. “Acabou tudo, uma vida de esforço levada para o mar”, lamenta uma jovem comerciante na Praça Estrela, uma das áreas mais afetadas pelo desastre. Esse sentimento de perda e desesperança permeia a comunidade.
À medida que Cabo Verde se une em solidariedade, a urgência de medidas eficazes para lidar com os efeitos do clima e suas consequências só se torna mais evidente. O futuro das comunidades afetadas dependerá da rapidez e da eficácia da resposta das autoridades e da mobilização coletiva do povo cabo-verdiano.
O evento meteorológico traz à tona não apenas a necessidade de preparação para desastres, mas também a importância da solidariedade e do apoio mútuo entre os cidadãos de Cabo Verde.