Na semana passada, Celine Song chamou atenção ao interromper de forma contundente uma entrevista ao repudiar interpretações redutivas de seu filme “The Materialists”. A diretora, conhecida pelo estilo direto, respondeu sem rodeios a uma crítica que associava a obra a um incentivo aos homens “pobres” na economia atual, reforçando sua posição contra o classismo e a representação social no cinema.
Celine Song reforça seu posicionamento contra o classismo no cinema
Durante entrevista concedida ao Refinery29, Celine foi questionada sobre uma resenha viral do Letterboxd que comentava, de forma irônica, que o filme parecia promover “homens pobres nesta economia”. Ela, sem sorrir, afirmou: “Isso não me faz rir, porque é realmente decepcionante”.
Ela explicou que há uma confusão perigosa entre feminismo, classe social e a narrativa que ela tenta construir em seu filme. Segundo a diretora, o filme é uma denúncia contra o capitalismo e a colonização dos sentimentos e das relações humanas por esse sistema, não uma promoção de qualquer tipo de estereótipo ou preconceito.
Entendimento sobre pobreza e classe social
Celine destacou a importância de entender que a pobreza não é culpa do pobre: “Falar de John, um personagem que ama Lucy e é interpretado por Chris Evans, como ‘broke boy’ ou ‘homem pobre’, é cruel e baseado em uma falsa associação de valor de uma pessoa com sua condição financeira”.
Ela reforçou que a luta do filme é contra uma sociedade que incita o ódio aos menos favorecidos por uma visão distorcida. “O preconceito contra os pobres e o peso de associar sua condição a uma moral negativa é um resultado da influência doentia do capitalismo sobre nossas emoções e julgamentos”, afirmou.
Repercussão e reflexões sobre cultura de entrevista
O momento viralizou na plataforma X (antigo Twitter), onde internautas elogiaram Celine pela postura firme diante de respostas superficiais e pela defesa de um debate mais consciente sobre desigualdade social na arte e na cultura. A cineasta desafiou a cultura de entrevistas muitas vezes vazias e reforçou o papel de seu filme como uma reflexão social profunda.
A controvérsia também levanta questões sobre o próprio ambiente midiático, que muitas vezes privilegia provocações e comentários rápidos ao invés de diálogos que promovam entendimento e debate qualificado. Como Celine Song demonstrou, a resposta a interpretações simplistas deve ser direta, clara e alinhada às questões sociais que o cinema busca tratar.