Na noite de segunda-feira (11), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da China, Xi Jinping, conversaram por cerca de uma hora para reforçar a disposição de ambos os países em identificar novas oportunidades de negócios. O diálogo ocorre em um momento delicado, em que a nova política comercial dos Estados Unidos, marcada pelo aumento das tarifas sobre produtos de países parceiros, impacta diretamente as relações comerciais internacionais.
A busca por um mundo justo e sustentável
Durante a conversa, Xi Jinping destacou que a China pretende se tornar um exemplo de “unidade e autossuficiência” entre os países do Sul Global, propondo a construção conjunta de um mundo mais justo e sustentável. De acordo com a agência de notícias oficial da China, a Xinhua, o líder chinês enfatizou a importância de os países se unirem para se opor ao unilateralismo e ao protecionismo que têm marcado a política comercial dos Estados Unidos.
O aumento das tarifas por parte da Casa Branca visa reverter a perda de competitividade da economia americana em relação à China, problemática que se intensificou ao longo das últimas décadas. Nesse cenário, tanto Lula quanto Xi expressaram o consenso sobre a relevância do G20 e do Brics na defesa do multilateralismo e na construção de consensos entre os países em desenvolvimento.
Fortalecimento das relações Brasil-China
Xi Jinping ressaltou ainda o apoio da China ao Brasil na defesa de sua soberania e interesses legítimos no cenário internacional, propondo que todos os países do Sul Global se reconciliem em prol da equidade na comunidade internacional. Esse suporte reforça a parceria estratégica entre as duas nações, que é considerada a mais elevada em termos de relações diplomáticas.
Uma nota oficial da Presidência do Brasil destacou os avanços já conquistados e o compromisso de ampliar a cooperação em setores estratégicos, como saúde, petróleo e gás, economia digital e satélites. A China mantém-se como o maior parceiro comercial do Brasil, e a sinergia entre os programas nacionais de desenvolvimento de ambos os países é prioritária.
A guerra comercial e suas consequências
A guerra comercial iniciada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em abril, impôs barreiras alfandegárias com base no tamanho do déficit de cada país com os EUA. Nesse contexto, o Brasil se beneficiou inicialmente com uma taxa de 10% devido ao superávit comercial. Contudo, essa situação mudou em julho, quando Trump elevou a tarifa a 50% em retaliação a decisões brasileiras que prejudicariam empresas americanas.
Essas novas tarifas, que entraram em vigor em 6 de agosto, afetam uma significativa parte das mercadorias brasileiras exportadas para os Estados Unidos, representando 4% do total das exportações do Brasil. Em resposta, o governo Lula está elaborando um plano de contingência que pretende implementar medidas de apoio aos setores mais impactados, além de aumentar as compras governamentais.
Abertura de novos mercados
O governo brasileiro, sob a liderança de Lula, enfatiza a importância de buscar novos mercados para suas exportações. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ressaltou que a participação das exportações para os Estados Unidos caiu de 25% para 12% nos últimos anos, reforçando a necessidade de diversificação.
Além disso, a conversa entre os líderes também incluiu questões relacionadas à venda de carne de frango para a China, após o Brasil recuperar o status de país livre de gripe aviária. A China é o principal comprador da carne brasileira, e essa negociação é crucial para a economia nacional.
A importância da COP30
Na discussão, Lula também aproveitou para destacar a relevância da participação da China na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), agendada para novembro em Belém, PA. Xi Jinping confirmou que a China estará representada por uma delegação de alto nível, expressando a intenção de colaborar com o Brasil para o sucesso da conferência.
Essas conversas entre Lula e Xi Jinping não apenas sinalizam o fortalecimento das relações Brasil-China, mas também refletem um compromisso em garantir que as vozes do Sul Global sejam consideradas em meio a um cenário internacional cada vez mais polarizado.