A lei tributária e de gastos sancionada pelo presidente Donald Trump irá, segundo o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), gerar um impacto financeiro negativo para as famílias mais pobres e ampliar a renda dos mais ricos. A análise, divulgada nesta quarta-feira (3), aponta que os 10% mais pobres perderão em média US$ 1.200 por ano, enquanto os 10% mais ricos terão aumento de cerca de US$ 13.600.
Efeitos desiguais na distribuição de renda nos EUA
De acordo com o estudo, as famílias na faixa de menor renda sofrerão uma redução de aproximadamente 3,1% na sua receita anual, impacto que agravará as dificuldades econômicas desse grupo. Por outro lado, as famílias mais abastadas terão crescimento médio de 2,7%, beneficiadas pelos cortes de impostos e transferências diretas previstos na legislação aprovada pelo Congresso, dominado pelos republicanos.
Entre as famílias de renda intermediária, o aumento estimado nos recursos variará entre US$ 800 e US$ 1.200 ao ano, refletindo uma maior concentração de benefícios na camada mais privilegiada da sociedade. Segundo a análise do CBO, essas mudanças aprofundam a desigualdade de renda nos Estados Unidos.
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Cortes de programas sociais aprofundarão a desigualdade
Um dos principais efeitos negativos da legislação será a perda de benefícios de programas sociais para as famílias de baixa renda. Segundo o CBO, muitas dessas famílias perderão recursos em decorrência de cortes em iniciativas de assistência, como o Medicaid e os cupons de alimentação (“food stamps”).
Durante as últimas semanas, Trump e seus seguidores têm criticado as análises independentes, incluindo o CBO, por apontar que o impacto da lei será desfavorável para os mais pobres. O órgão, não partidário, liderado pelo economista Phillip Swagel, tem sido alvo de ataques por suas previsões econômicas contrárias às propostas do governo.
Impacto no orçamento e pontos controvertidos
O CBO estimou que a nova legislação aumentará o déficit dos Estados Unidos em US$ 3,4 trilhões nos próximos dez anos, sem considerar efeitos dinâmicos, como o potencial crescimento econômico. Além disso, o estudo aponta que cerca de 10 milhões de pessoas poderão perder o seguro de saúde até 2034 devido às mudanças no Medicaid.
Outro aspecto discutido é que, apesar de muitos cortes sociais entrarem em vigor após as eleições legislativas de 2026, os impactos já poderão ser sentidos no próximo ano, com uma redução rápida nas vantagens fiscais para as famílias mais favorecidas.
Reações e críticas à legislação
Democratas e entidades de defesa social criticaram duramente a lei, alegando que ela favorece os ricos às custas dos mais pobres, agravando o contexto de desaceleração econômica e desemprego. Pesquisas recentes indicam que a maioria da população americana desaprova a medida: 55% segundo a Universidade Quinnipiac e 61%, conforme a CNN/SSRS.
Além disso, o texto da lei impõe novos requisitos de trabalho para beneficiários do Medicaid e alterações nos programas de assistência nutricional, como o programa de cupons. Essas mudanças podem reduzir a participação no programa em cerca de 2,4 milhões de pessoas por mês na próxima década.
Perspectivas futuras
Com a implementação faseada desses cortes e mudanças, a expectativa é que o impacto no tecido social americano seja duradouro. Enquanto os benefícios fiscais para os mais ricos serão sentidos já no início de 2026, a redução de recursos para as famílias mais vulneráveis poderá gerar consequências severas ao longo do tempo, caso as restrições aos programas sociais se consolidem.
Fonte: O Globo
Tags: EUA, política, economia, desigualdade, Trump, corte de impostos, programas sociais
