O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (11) a nomeação de EJ Antoni, economista-chefe da Heritage Foundation, para liderar o Birô de Estatísticas do Trabalho (BLS). A indicação ocorre após a demissão abrupta de Erika McEntarfer, que liderava a agência desde o início do mês, em meio a controvérsias sobre a revisão de dados de emprego.
Nomeação de Antoni reforça tensões no mercado de trabalho americano
Trump divulgou a nomeação de Antoni por meio de uma publicação na Truth Social, rede social favorita do ex-presidente. Segundo ele, Antoni garantirá que os números divulgados pelo BLS sejam “honestos e precisos”, na tentativa de reforçar uma narrativa de prosperidade econômica. A nomeação, contudo, depende de confirmação pelo Senado, procedimento padrão para cargos de alta autonomia.
Antoni substituirá Erika McEntarfer, que foi demitida no dia 1º de agosto após a publicação de um relatório do BLS que revelou fraco crescimento de empregos em julho e revisões para baixo nos meses anteriores. A saída de McEntarfer foi recebida com surpresa por economistas de diferentes espectros políticos, pois a agência é reconhecida internacionalmente por sua imparcialidade e rigor técnico.
Controvérsia e críticas às trocas na liderança do BLS
Ao anunciar a nomeação, Trump acusou, sem apresentar provas, o órgão de manipular dados de forma política, ressaltando que McEntarfer foi nomeada pelo ex-presidente Joe Biden. “Nossa economia está prosperando, e E.J. garantirá que os números sejam honestos”, afirmou o presidente. Essa queima de arquivos provocou reações contrárias de especialistas, que veem as mudanças como um risco à credibilidade do órgão.
O ex-assessor de Trump, Steve Bannon, defendeu Antoni, chamando-o de “o candidato perfeito no momento ideal para comandar o BLS”. Antoni participou de um podcast de Bannon logo após o último relatório de empregos, onde afirmou que “infelizmente, não há nenhum republicano MAGA no comando do BLS”.
Perfil de EJ Antoni e suas posições
Antoni, doutorado em economia e pesquisador sênior da organização Unleash Prosperity — liderada por nomes como Steve Forbes e Arthur Laffer —, tem uma posição crítica aos relatórios oficiais do governo americano. Ele afirmou que a ausência de indicações por parte de Trump na liderança do BLS contribui para os “problemas” com a confiabilidade dos dados.
Além disso, Antoni participou do projeto Project 2025, que propõe a contratação máxima de nomeados políticos para o Departamento do Trabalho, órgão responsável pelo BLS. Essa postura alimenta a preocupação de que interesses políticos possam influenciar os indicadores econômicos do país.
Reação de especialistas e o impacto na política econômica
A demissão de McEntarfer foi criticada por economistas renomados, incluindo William Wiatrowski, ex-vice do BLS, que considerou a troca “prejudicial” à credibilidade da instituição. A preocupação maior é que as revisões recentes, que excluiram 258 mil empregos de maio e junho, possam comprometer a confiança internacional entre os órgãos estatísticos dos EUA.
O relator mais recente do mercado de trabalho mostrou crescimento de apenas 35 mil empregos nos últimos três meses, sinalizando uma possível estagnação e colocando em dúvida a estratégia do Federal Reserve, que manteve as taxas de juros elevadas após pressões de Trump para reduzi-las.
Perspectivas futuras e o papel do BLS
A confirmação de Antoni pelo Senado poderá marcar uma mudança na postura do BLS, que é visto como guardião da imparcialidade estatística. Com mandatos de quatro anos, os atuais comissários do órgão têm experiência consolidada, e sua credibilidade é fundamental para a confiança no relatório de empregos dos EUA.
O governo anunciou que a nomeação deve ser formalizada nos próximos meses, enquanto analistas aguardam para avaliar os efeitos dessa mudança na política de dados econômicos do país.