O Bradesco divulgou nesta segunda-feira um relatório de análise da conjuntura econômica brasileira, destacando os efeitos do tarifão sobre diversos aspectos do país. Segundo o documento, apesar das exceções de alguns produtos divulgadas pelo governo dos Estados Unidos, espera-se uma redução nas exportações e no Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.
Impacto deflacionário e projeções econômicas
De acordo com o banco, o efeito do tarifão será deflacionário, contribuindo para uma tendência de inflação baixista. Por isso, a projeção de inflação foi revisada de 5% para 4,9% para este ano. Simultaneamente, os economistas do Bradesco preveem um aumento do déficit da conta corrente, que deve alcançar 3% do PIB.
Redução na inflação e cenário para o balanço de pagamentos
O relatório destaca ainda que o balanço de pagamentos terá uma folga menor, com expectativa de uma perda adicional de US$ 4 bilhões nas exportações brasileiras. Embora o valor não seja expressivo, é suficiente para fazer diferença no cenário econômico.
“O número já contabiliza um possível redirecionamento para outros mercados, especialmente de commodities. A indústria, por sua vez, será mais impactada, com menor possibilidade de redirecionamento a outros parceiros comerciais. Além disso, na balança comercial, ajustamos as surpresas para cima com as importações no curto prazo”, informa o documento.
Previsões de crescimento e câmbio
Pela projeção do banco, o PIB brasileiro deve crescer 2,1% neste ano e 1,4% no próximo. Embora alguns economistas prevejam uma redução de 0,02 ponto percentual no crescimento, esse impacto é considerado pequeno no macroeconômico, porém relevante para setores com forte peso nas vendas internacionais, especialmente nos Estados Unidos.
O dólar, segundo o relatório, permanece fraco, influenciado pela crise nos Estados Unidos, que afeta toda a economia americana. A expectativa é de que o real continue em fase de apreciação, mas esse movimento deve durar pouco, pois as incertezas pressionam o mercado de câmbio. A projeção é de que o dólar encerre o ano em R$ 5,50.
Perspectivas para juros e relação Brasil-EUA
Quanto aos juros, o Bradesco revisou sua previsão e agora acredita que o ciclo de cortes na taxa Selic começará somente em 2026, chegando a 11,75% ao final daquele ano. O banco inicialmente considerava uma redução ainda neste ano, mas manteve a taxa inalterada diante da inflação fora do teto e das incertezas na relação com os Estados Unidos.
Contexto político e internacional
Na esfera política internacional, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, que tinha uma reunião agendada com o ministro da Fazenda brasileiro, foi informado de seu cancelamento, ao que tudo indica, em meio a tensões comerciais agravadas pelo tarifão. Segundo fontes oficiais, a agenda será remarcada futuramente.
Para mais detalhes sobre o impacto do tarifão na economia brasileira, acesse o relatório completo do Bradesco.