Na última semana, o ex-presidente Jair Bolsonaro passou seus primeiros dias em prisão domiciliar, marcada por uma intensa agenda que incluiu visitas de familiares e figuras políticas. O período não foi apenas uma adaptação ao novo cenário, mas também trouxe à tona desafios emocionais e de saúde. De acordo com relatos de pessoas que estiveram com ele, Bolsonaro enfrenta oscilações de humor e crises de soluço, reflexos de uma esofagite que se manifestou após um procedimento cirúrgico realizado em abril.
Saúde e sentimentos à flor da pele
Durante sua estadia em casa, a saúde de Bolsonaro gerou preocupações. Os médicos foram chamados a visitá-lo e, as oscilações de seu estado emocional se tornaram evidentes. Comemorando o Dia dos Pais no último fim de semana com familiares, ele também lidou com o fato de não poder comunicar-se com seu filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que encontra-se nos Estados Unidos e é alvo de uma investigação da Polícia Federal. Esse distanciamento gerou momentos de profunda emoção, com algumas fontes afirmando que ele chegou a chorar ao tratar do assunto.
Visitas e apoio político
Durante sua primeira semana em prisão domiciliar, Bolsonaro recebeu a visita de alguns de seus filhos, como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o vereador Jair Renan Bolsonaro (PL-SC). Também compareceram o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o senador Ciro Nogueira, presidente do PP. Ao todo, 32 pessoas solicitaram autorização para visitá-lo, embora nem todos tenham recebido permissão. Até agora, oito foram aceitas, mas a visita do deputado Gustavo Gayer (GO) foi negada devido a investigações que o envolvem. A autorização para novas visitas deve ocorrer ao longo da semana, com esperadas liberações para figuras centrais do PL, como o presidente do partido, Valdemar Costa Neto.
Impactos nas articulações do PL
A prisão domiciliar de Bolsonaro traz preocupações sobre a dinâmica interna do PL, partido que ele ajudou a fundar e que desempenha um papel crucial em sua estratégia política. Apesar do desgastes pelas limitações de seu contato com outros membros do partido, as lideranças tentam manter a força nas articulações. Muitas reuniões estão sendo programadas para ocorrer na casa onde ele reside, criando um novo ponto de apoio e articulação política, semelhante ao que aconteceu durante a campanha eleitoral de 2018, quando foi alvo de um atentado.
Expectativas para o futuro político
Membros do PL reafirmam a importância de manter o contato regular com Bolsonaro e buscar diretivas de sua liderança. Com a expectativa de que mais senadores e deputados ingressem com pedidos para visitas, o foco permanece na manutenção da coesão dentro do partido e da estratégia eleitoral. A presença de figuras politicamente relevantes em sua residência em Brasília pode ser um símbolo de resistência, mostrando que a influência de Bolsonaro ainda ressoa fortemente na política nacional.
Essa primeira semana em prisão domiciliar não apenas ilustra os desafios pessoais que Bolsonaro enfrenta, mas também revela a contínua busca por uma estratégia política que mantenha sua relevância e a do PL nas próximas eleições. Enquanto o ex-presidente se adapta à nova realidade, o acompanhamento do desenvolvimento de sua saúde e as movimentações políticas ao seu redor permanecerão em evidência.