O youtuber e humorista Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, ganhou destaque recentemente após suas denúncias sobre a exposição de crianças nas redes sociais. Durante uma entrevista ao podcast PodDelas, Felca compartilhou que passou a utilizar um carro blindado e contratar segurança devido às ameaças que recebeu após expor influenciadores e suas atitudes consideradas abusivas, especialmente no que tange ao chamado “sharenting” e as apostas esportivas.
Denúncia chocante sobre Hytalo Santos
No vídeo intitulado “Adultização”, Felca denunciou o influenciador paraibano Hytalo Santos por exploração de menores. Através de conteúdo alarmante, o youtuber alertou sobre os riscos envolvidos na exposição de crianças e adolescentes na internet. “Estou recebendo muitas ameaças, de assuntos delicados. Muitas, muitas”, afirmou na entrevista, revelando a gravidade da sua situação. Ele destacou que esse vídeo levou cerca de um ano para ser produzido e envolveu consultas com especialistas, incluindo uma psicóloga de São Paulo que o ajudou a abordar o tema de forma responsável.
Impacto da viralização e discussão pública
O vídeo de Felca rapidamente se tornou viral, alcançando mais de 100 milhões de visualizações apenas no Instagram, e reacendeu um importante debate público sobre a exposição de crianças nas redes sociais. Felca explicou que muitas vezes o público que consome o conteúdo infantil costuma ser de pessoas com intenções nefastas, como pedófilos. Ele alertou que o algoritmo das redes sociais pode potencializar esse problema, favorecendo a disseminação de conteúdos prejudiciais.
“A gente fala sobre esses casos e de como o algoritmo favorece. Você percebe que o público dessa criança não são pessoas que estão genuinamente interessadas no que elas estão fazendo. São, na verdade, pessoas com intenções ruins”, afirmou Felca, ressaltando a responsabilidade dos pais na gestão do que é compartilhado.
Consequências legais e proteção infantil
A repercussão das denúncias de Felca não parou por aí. A conta de Hytalo Santos foi retirada do ar no Instagram, embora ainda não sejam claras as razões exatas para isso. O Ministério Público da Paraíba (MP-PB) já investiga outras denúncias contra Hytalo envolvendo a exploração de menores, já que há relatos que remontam a 2024. A juíza Vanessa Cavalieri, da Vara da Infância e Juventude do Rio de Janeiro, mencionou a urgência da questão em entrevista à Conexão GloboNews, afirmando que a internet, sendo um espaço público, apresenta riscos significativos para crianças e jovens.
A responsabilidade dos pais
A juíza destacou os perigos de se publicar fotos e vídeos de crianças nas redes sociais, alertando que esta prática pode facilitar o acesso de criminosos. “Quando um pai ou uma mãe publica esses conteúdos, eles estão, indiretamente, entregando material para predadores sexuais”, frisou. O conceito de “sharenting”, que se refere à exposição da imagem dos filhos por seus responsáveis, também foi levantado, enfatizando que as imagens pertencem, na verdade, às crianças e não aos pais.
Uma nova legislação em discussão
Em meio a essas reflexões, destaca-se o Projeto de Lei 2628/2022, já aprovado no Senado, que visa regulamentar a proteção de crianças e adolescentes no ambiente digital. A juíza Vanessa Cavalieri defendeu que essa questão deve ir além da polarização política e ser encarada como um compromisso coletivo para a proteção das futuras gerações. “É do interesse de todos que as crianças não fiquem expostas a violência e a instigação de comportamentos nocivos”, concluiu.
Felca, natural de Londrina e agora residente em São Paulo, acumula mais de 5,23 milhões de inscritos em seu canal no YouTube e 13,7 milhões de seguidores no Instagram. Desde a sua ascensão na plataforma, ele se destacou por seu estilo humorístico e por tratar de temas delicados de forma engajada.
Esta situação envolvendo Felca pode ser vista como um ponto de virada importante na discussão sobre proteção infantil nas redes sociais e nos desafios que as plataformas enfrentam para garantir a segurança dos usuários mais jovens. A sociedade precisa refletir sobre as responsabilidades que cada um deve ter ao compartilhar conteúdos que envolvem crianças e adolescentes, garantindo que suas imagens sejam respeitadas e protegidas contra a exploração.
