Um estudo recente realizado em New Brunswick, Nova Jersey, destaca uma preocupação crescente entre os chineses-americanos mais velhos: a maneira como lidam com o estresse e suas repercussões na saúde cognitiva. Pesquisadores descobriram que aqueles que tendem a internalizar suas emoções, como estresse e desesperança, podem estar enfrentando um declínio rápido da memória, evidenciando que o tradicional “mantenha-se forte” pode não ser a melhor abordagem.
Contexto do Estudo
Trazido à luz na Journal of Prevention of Alzheimer’s Disease, o estudo acompanhou 1.528 adultos chineses-americanos, com idade média de setenta anos, residentes na área de Chicago. Os participantes, parte do Population Study of Chinese Elderly (PINE), realizaram três testes de memória em seus dialetos chineses preferidos ao longo de quatro anos, garantindo que a barreira linguística não fosse um obstáculo.
Os pesquisadores analisaram a relação entre a performance mental e diversos fatores de vida, como bem-estar emocional, suporte social, problemas de saúde e adaptação cultural. Um aspecto que se destacou foi o que chamaram de “internalização do estresse”.
O Que Significa “Internalização do Estresse”?
A internalização do estresse refere-se a comportamentos onde a pessoa sente um alto nível de estresse, desesperança e um menor senso de controle, guardando tudo para si ao invés de buscar ajuda ou compartilhar suas dificuldades. O estudo revelou que aqueles com altos índices de internalização apresentaram um declínio de memória com uma velocidade maior do que seus pares. Embora as mudanças anuais fossem pequenas, elas se acumulavam ao longo do tempo, afetando habilidades relacionadas à memória e não outras capacidades cognitivas como planejamento ou resolução de problemas.
Influência da Cultura
Os valores culturais e as experiências de vida podem intensificar a internalização do estresse entre os chineses-americanos mais velhos. Cerca de 69% deles são imigrantes, muitos dos quais enfrentaram a estereotipagem de serem a “minoria modelo”, uma hipótese que, embora positiva, pode criar pressão para suprimir dificuldades e evitar pedir ajuda.
O peso desse estereótipo pode levar a muitos a enfrentar cargas emocionais sozinhos, impactando tanto sua saúde mental quanto física a longo prazo.
Por Que Conexões Sociais Não Impediram o Declínio
Um dado curioso do estudo é que, embora conexões sociais e atividades comunitárias inicialmente tenham se associado a melhores pontuações de memória, elas não impediram o declínio quando este começou. Assim, aqueles que eram mais ativos socialmente ou melhor adaptados à vida nos EUA não conseguiram evitar uma perda similar de memória em relação a seus pares.
A pesquisa aponta que esses padrões refletem achados de outras comunidades, onde um começo forte não necessariamente traduz-se em um declínio mais lento. Assim, fatores como a internalização do estresse podem anular os efeitos protetores do engajamento social.
A Importância da Pesquisa
A boa notícia é que a internalização do estresse não é um problema médico, mas sim um padrão de enfrentamento que pode ser mudado. Os autores sugerem várias ações que poderiam ser implementadas para ajudar esses indivíduos:
- Educação comunitária para desafiar estereótipos que desestimulam a busca por ajuda.
- Programas de saúde mental adaptados culturalmente voltados para os idosos asiático-americanos.
- Treinamento para profissionais de saúde identificarem sinais sutis de desconforto emocional em pacientes que podem não se pronunciar.
Considerações Finais
Embora o estudo apresente limitações, como seu foco em uma área metropolitana específica, os resultados iluminam uma importante conexão entre saúde emocional e cognitiva nos chineses-americanos mais velhos. O estudo reforça a ideia de que resiliência não é apenas sobre suportar as dificuldades em silêncio, mas também sobre compartilhar fardos e permitir que outros ajudem.
Como a pesquisa deixa claro, o modo como lidamos com o estresse pode fazer uma diferença significativa ao longo do tempo. O principal recado é que às vezes a forma mais forte de cuidar de si mesmo é ao abrir-se e buscar apoio emocional.
Observação: Este artigo é baseado em pesquisas revisadas por pares e as conclusões descrevem associações observadas neste estudo específico. Os resultados podem não se aplicar a todos os indivíduos e este resumo não deve ser considerado como substituto para aconselhamento médico profissional.