Um dos ensinamentos mais belos da Bíblia é o de que Deus não desespera de nós e nos dá sempre novas chances para reconstruir nossa vida e nossa história. O cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, traz uma mensagem de esperança em meio aos desafios do mundo, especialmente no contexto do Ano Jubilar de 2025. Este evento, que será vivido pela Igreja Católica, é uma oportunidade de renovação espiritual que busca iluminar a vida das pessoas, independentemente de suas crenças.
O papel da esperança na vida humana
Para o cardeal Scherer, a esperança funciona como um farol que guia as pessoas em direção a um futuro melhor. Ele enfatiza que a esperança é uma das forças mais poderosas que movem a humanidade. “O homem é um ser de esperança”, afirma, citando o filósofo Ernst Bloch, e destaca como a esperança motiva diversas ações cotidianas, desde o sacrifício da gravidez até o empenho de educadores e pregadores.
A mensagem do cardeal nos lembra que, mesmo em tempos de crise, a esperança é o que permite aos indivíduos buscar seus objetivos, curar feridas, reconstruir após conflitos e acreditar que um futuro melhor pode ser construído. “Quando a esperança falta, a vida definha e a morte chega”, diz ele, ressaltando a importância desse sentimento para a dignidade humana.
Desafios contemporâneos à esperança
No entanto, o cardeal aponta para os diversos desafios que dificultam a vivência da esperança atualmente. Ele menciona as guerras contínuas, o investimento em armamentos em detrimento de necessidades básicas e a crescente desigualdade social. Estratégias de globalização que geram muros em vez de conexões e as novas formas de discriminação também entram na lista de fatores que minam a esperança das pessoas ao redor do mundo.
O cardeal ainda traz à tona a dura realidade de bilhões de pessoas que enfrentam repressão e perseguição religiosas, questionando o que significa realmente ter esperança em um contexto onde a liberdade é constantemente cerceada. “Que sentido tem afirmar e defender um ‘direito’ ao aborto, enquanto se exclui seres humanos ainda indefesos?”, indaga o religioso, desafiando os leitores a refletirem sobre as políticas que afetam as vidas e a dignidade das pessoas.
A escolha entre resignação e esperança ativa
Diante da complexidade do mundo atual, o cardeal Scherer sugere que existem duas reações possíveis: resignação passiva ou esperança ativa. Ele avisa que a resignação é uma forma de derrota, enquanto a esperança ativa é um chamado à ação e ao esforço para enfrentar os desafios. “A esperança abre caminhos e horizontes e desperta energias insuspeitadas”, afirma, reforçando a ideia de que um mundo melhor é possível se cada um estiver disposto a lutar por ele.
A mensagem de renovação para o Jubileu de 2025
Concluindo sua reflexão, o cardeal Scherer destaca que o Ano Jubilar celebrado pela Igreja Católica é um convite à renovação e à fé. Ele cita Romanos 5:5, que diz que “a esperança não decepciona”, reforçando que a esperança está firmemente enraizada no amor divino. Este momento deve ser visto não apenas como um período de celebração, mas como uma oportunidade de transformação pessoal e coletiva.
Em tempos de incerteza e dificuldades, a mensagem do cardeal é clara: há sempre uma nova chance para iniciar, reconstruir e viver plenamente em esperança. O maior ensinamento é que a esperança é, de fato, um farol que ilumina o caminho em busca de um futuro mais justo e pleno para todos.
Publicado originalmente no jornal O ESTADO DE S.PAULO em 9 de agosto de 2025