Durante o Rio Innovation Week, Neil Redding, CEO da Redding Futures, compartilhou sua visão sobre o futuro da inteligência artificial (IA), destacando tanto as oportunidades quanto os riscos sociais. Com presença frequente em eventos internacionais como SXSW, ele alertou que o mundo está próximo de um período de distúrbios causados pelo impacto da IA sobre o mercado de trabalho, embora mantenha um otimismo moderado sobre as possibilidades de transformação positiva.
O avanço da IA e o papel das novas ferramentas
Redding explicou que a IA deixou de ser apenas uma ferramenta passiva para se tornar uma nova espécie de colaboradora, que realiza tarefas complexas ao lado dos humanos, como pesquisas, interações com documentos e até e-mails. Segundo ele, estamos em um estágio inicial, com apenas 6% das empresas utilizando IA generativa em suas operações centrais, mas muitas já testando agentes capazes de assumir funções mais autônomas.
“Hoje já surgem agentes de IA capazes de desempenhar tarefas que antes eram exclusivas de humanos, e isso pode revolucionar a forma como trabalhamos”, afirmou Neil Redding.
Realidade estendida e o impacto dos óculos de IA
O especialista destacou que 2026 será um ano decisivo para a popularização da realidade estendida, que combina ambientes virtuais e aumentados com o auxílio de IA, especialmente através de óculos leves de realidade aumentada. Essa tecnologia promete transformar a interação das pessoas com o mundo digital, criando ambientes tridimensionais instantaneamente por comandos simples, graças à IA generativa.
Robôs humanoides e o mercado de trabalho
Outros avanços mencionados foram os robôs humanoides, como o Optimus da Tesla, que Elon Musk promete tornar acessíveis em preços menores que um carro nos Estados Unidos até 2030. Embora ainda haja dúvidas se as pessoas desejarão esse tipo de tecnologia em suas vidas, eles podem assumir tarefas cotidianas, alterando o cenário de empregos tradicionais.
Desafios e oportunidades para o mercado de trabalho
Neil Redding afirmou que a automação impulsionada pela IA já está substituindo empregos, mesmo que de forma gradual. Empresários como Mark Zuckerberg já estão trocando engenheiros de nível médio por IA, e empresas brasileiras de grande porte também estão adotando essas soluções. Segundo ele, é inevitável que surjam empresas bilionárias formadas por uma única pessoa trabalhando com agentes de IA.
Contudo, o especialista alertou para o risco de distúrbios sociais, uma vez que a substituição de empregos e a redistribuição de renda podem gerar forte desigualdade. “Uma renda básica universal pode ser uma solução para amenizar os impactos, mas só teremos experiências mais coordenadas quando houver maior agitação social”, comentou Redding.
Reflexões finais: o que esperar do futuro?
Apesar dos desafios, há uma parte otimista: ele acredita que essa disrupção pode permitir aos humanos redescobrir seu propósito e buscar novas formas de realizar seu trabalho. A aproximação da IA Geral — que superará a capacidade cognitiva humana — deve acontecer em breve, mas Neil Redding reforça que atributos humanos, como emoções e relacionamentos, continuarão essenciais mesmo na era da inteligência artificial avançada.
Por fim, o especialista destaca o papel potencial do Brasil na economia baseada em IA. “Nosso país possui recursos naturais e humanos únicos, além de uma posição estratégica nas relações comerciais internacionais. Essa é uma oportunidade para se tornar protagonista nesse cenário global”, concluiu Redding.
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